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Hermann Hesse
(...) A serenidade não é feita nem de troça nem de narcisismo, é
conhecimento supremo e amor, afirmação da realidade, atenção desperta
junto à borda dos grandes fundos e de todos os abismos.
É o segredo da beleza e a verdadeira substância de toda a arte.
O poeta que celebra, na dança dos seus versos, as magnificências e os
terrores da vida, o músico que lhes dá os tons duma pura presença,
trazem-nos a luz; aumentam a alegria e a claridade sobre a Terra,
mesmo se primeiro nos fazem passar por lágrimas e emoções dolorosas.
Talvez o poeta cujos versos nos encantam tenha sido um triste solitário,
e o músico um sonhador melancólico: isso não impede que as suas obras
participem da serenidade dos deuses e das estrelas. O que eles nos dão,
não são mais as suas trevas, a sua dor ou o seu medo, é uma gota de luz
pura, de eterna serenidade. Mesmo quando povos inteiros, línguas inteiras,
procuram explorar as profundezas cósmicas em mitos, cosmogonias, religiões,
o último e o supremo termo que poderão atingir é essa serenidade. (..
Hermann Hesse *
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