Se quiseres falar comigo
sabes bem aonde estou.
Na rua nevoenta e fria
que eu percorro sozinha
com a noite a meu lado.
A todas as horas e dias
na ponte de transição
onde me encontro contigo.
Podes procurar-me até
(não estranhes o que te digo)
à mesa de um café
escrevendo versos
em que minto a toda a gente
(nem tu os percebes!)
com uma bica na frente
e um cigarro a arder
em fumaças breves.
Em qualquer estranha igreja
que atraia os passos teus
e eu loucamente esteja
a procurar Deus
e onde me vás encontrar
cada vez mais só.
Eu estarei aí
com um silêncio em meu redor
que nunca ninguém rasgou.
Aí me poderás falar.
Mas em casa não, amor,
em casa nunca estou.
Seria apenas vulgar.
Maria Do Carmo Abecassis
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