Lugares mágicos, criaturas estranhas, cores e coisas improváveis, inexplicáveis. Imagens que parecem vir de dentro dos sonhos. Esses universos e personagens enigmáticas inspiram o trabalho de Kirsty Mitchell, que mergulha numa infância rodeada de fantasia.
Quando era criança a artista Kirsty Mitchell ouvia sua mãe narrar-lhe contos e estórias infantis. Sua mãe era professora de inglês e ensinou-lhe a apreciar essa rica literatura, estimulando sua criatividade. A menina cresceu e sua imaginação levou-a das folhas amareladas dos contos à criação da série “Wonderland”. Dedicada à sua mãe, a série expõe a maneira particular como a artista filtrou estes universos mágicos.
Kirsty é designer de moda e já trabalhou com figurinos para cinema e teatro. No entanto, sempre esteve envolvida com outras vertentes artísticas - como a fotografia, por exemplo. Na produção de “Wonderland”, Kirsty mostra-se polivalente, elaborando desde a roupa e adereços até a montagem de todo o cenário para as suas fotos.
Com a série, Kirsty pretende mostrar que todos nós podemos viver em um mundo maravilhoso – no “Wonderland” – mas para isso é preciso que abramos os olhos e contemplemos as maravilhas do nosso mundo real. Por isso, todos os cenários da série são lugares absolutamente reais, como os campos de flores, as paisagens com neve ou as árvores incomuns.
Mas essa linda natureza – e as cores que ela produz – muitas vezes nos passa despercebida, pois não temos tempo de contemplá-la. “Preferimos olhar para a televisão a olhar para fora da janela”, diz Kirsty.
Os tons carregados e os intensos contrastes são uma das principais características de "Wonderland". A artista explica que o uso da cor para passar uma mensagem é de extrema importância, pois ela empresta à imagem uma aura forte.
Toda a produção da série é muito complexa. A artista conta que algumas fotos demoraram bastante para serem concluídas.
Uma das imagens mais difíceis de compor foi The storyteller, abaixo. Para o figurino na cabeça da modelo, foram usadas mais de mil flores, colhidas na noite anterior à sessão. O vestido, enorme, continha centenas de páginas velhas de livros, exigindo extrema delicadeza no trato, assim como a cadeira em que a modelo está sentada, feita com velhos livros, datados de um século atrás. Estes são pormenores de um trabalho competente, cujo resultado mexe com nossos sentidos.
A artista pretende produzir um livro sem palavras – apenas com estas imagens inspiradas nos contos – e espera concluir o projeto até o próximo verão para, por fim, promovê-lo por meio de exposições.
Kirsty Mitchell aprendeu a sobreviver em um mundo criando outro. Aprendeu a usar seu talento a favor da imaginação, dando-nos a ver mundos extraordinários. Mundos de que apenas ouvimos falar quando ainda estávamos naquele lugar chamado infância.
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