Nascido na Ilha de Santiago, ligado aos trabalhos do campo e interpretado tradicionalmente no terreiro pelas mulheres que percutem a tchabeta, o batuque acompanha um cântico, o finaçon, que as mulheres improvisam ao sabor das circunstâncias e do próprio auditório. Segundo a tradição africana as cantoras comentam os acontecimentos da aldeia e celebram as festas agrárias, os casamentos, os baptizados e os óbitos.
Mas a tradição foi decididamente ultrapassada pela tentativa de afirmação da identidade africana de um povo insular umbilicalmente ligado ao continente, e hoje, cantores como Manuel Lopes de Andrade, ou mais simplesmente Tcheka, encetam pelo batuque o mesmo trabalho de modernização que nos anos 70 Katchass realizou pelo outro ritmo rei de Santiago - o funana.
Dar ao batuque uma nova interpretação com um estilo muito próprio mas respeitando sempre a sua estrutura tradicional, é a mensagem que transporta o primeiro registo de Tcheka “Argui!”, que em crioulo significa levantar-se, pôr-se à frente, mensagem reafirmada com o segundo álbum “Nu Monda” onde transpõe para guitarra ritmos habitualmente tocados em instrumentos de percussão, num blues lunar que nos transporta para a árida e grandiosa paisagem de Santiago.
Merece a pena ouvir estes duas composições plenas de ritmo e dominadas pela singular voz de uma das certezas da música cabo-verdiana.
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