sábado, 15 de maio de 2010

Michael Ondaatje



Michael Ondaatje.

O ano está a acabar e começamos a ser inundados pelas listas de balanço próprias da época. Não se preocupem, não vou fazer nenhum Top Ten, mas vou aproveitar para falar de um dos livros que li o ano passado e de que mais gostei. Trata-se de "Divisadero" de Michael Ondaatje.

Conheci (salvo seja) o senhor Ondaatje pela mão de Anthony Minghella, que adaptou ao cinema o seu romance mais famoso ("The English Patient" - O Paciente Inglês) e foi por isso premiado com uma chuva de óscares. Lembro-me de achar o filme um pouco académico, na altura em que o vi pela primeira vez. Entretanto passou-me e está num dos meus Top Tens pessoais, mas mais que isso, levou-me a ler o livro e a maravilhar-me com a escrita de Ondaatje.

Ondaatje nasceu no Ceilão e tem sangue Holandês, Tamil, Cingalês e... Português. Viveu em Inglaterra e aos 19 anos tornou-se cidadão canadiano, vivendo em Toronto desde essa altura.

O universalismo, o humanismo, a melancolia do amor perdido e a estupidez da guerra e da violência atravessam os seus romances e a sua poesia. Talvez, aliás, por ser também poeta, a sua prosa tem um lirismo incomparável e quando o leio, apetece-me fazer uma coisa que nunca faço: sublinhar furiosamente frases de que tenho vontade de nunca me esquecer. E releio-as vezes sem conta.

"Divisadero" é mais uma vez um romance sobre as relações familiares e amorosas, aquilo que une e separa pessoas, o sangue familiar e a emoção mais pura. Atravessa os grandes desertos americanos, a província francesa, os neons de Las Vegas, medos e amores, escrita e saudade com a mesma destreza, embalando-nos como se na verdade um romance de umas 300 páginas fosse apenas um poema de Alberto Caeiro, sobre o pó da estrada e os pés que o pisam.

Sou parcial, claro. Já tinha adorado "Anihl's Ghost" e devoro mais ou menos tudo o que ele escreve, mas como a tradução para Português há-de aparecer para o ano que vem ou seguinte... já aqui fica a recomendação.

Sem comentários: