sábado, 22 de maio de 2010

Paolo Serpieri.

Aqui há uns bon070214_druuna3s anos atrás saíram em Portugal dois álbuns de banda desenhada que passaram relativamente despercebidos. Intitulavam-se Morbus Gravis e relatavam as aventuras fantásticas de uma mulher num mundo horrendo de violência e erotismo desenhado com grande realismo. A heroína chamava-se Druuna e viria a tornar-se rapidamente famosa em todo o mundo assim como o seu criador: Paolo Serpieri.

Seria normal esperar que qualquer publicação na área do erotismo ou a roçar a pornografia, como esta é, obtivesse um certo sucesso comercial. Não faltam exemplos disso desde os comics de qualidade rasca e assumidamente porno até aos pretensamente eruditos e sofisticados, como é o caso de Milo Manara mas isso não chega para explicar a imensa popularidade de Serpieri. A sua banda desenhada possui efectivamente qualidade, a meu ver.

Serpieri é um mestre do desenho facto a que não é alheia a sua formação artística nomeadamente na área da pintura. Porém, só relativamente tarde é que descobriu e explorou as potencialidades da 9ª arte, a banda desenhada. Foi muito influenciado pelas histórias fantásticas publicadas na revista "Métal Hurlant" e pelo cinema - ele próprio cita Alien e Blade Runner como duas das suas referências fundamentais.

O seu desenho é particularmente cuidado nas figuras femininas, plásticas e volumosas, quase palpáveis. As mulheres são anatomicamente perfeitas, belas e sensuais em contraste com tudo o resto que é feio, mórbido e sombrio. Este mundo de ficção científica fantástica transmite uma imagem de pessimismo e de dor a que Druuna escapa através do prazer. Na beleza e no prazer Serpieri tenta ver o caminho da fuga ao caos e à morte...

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