O artista alemão H.A. Schult é o mentor do projecto “Save the Beach”. Com o propósito de limpar uma praia europeia por ano, o lixo aí recolhido é depois utilizado, nada mais, nada menos, do que na construção de um hotel. Até agora, Roma e Madrid foram as primeiras cidades a recebê-lo.
Desde os anos 60 o lixo tornou-se no material de trabalho de H.A.Schult. E, com o lixo, o artista cria surpreendentes obras de arte.
Depois do projecto “Trash men” (uma série de figuras humanas construídas em tamanho natural, que estiveram expostas em vários locais turísticos, entre eles as Pirâmides do Egipto, a Grande Muralha da China ou a Praça Vermelha em Moscovo), surge em 2008 “Save the Beach”, cujo lema consiste em limpar uma praia europeia por ano. Por trás dele, está uma importante mensagem de alerta que Schult quer transmitir à opinião pública: se não nos preocuparmos com a limpeza das praias, as nossas futuras férias serão passadas no meio do lixo, acumulado ao longo do ano.
Em 2009, o alemão foi contactado para que estes desperdícios “ganhassem vida” e se transformassem num hotel. Durante dois meses, inúmeros voluntários recolheram cerca de doze toneladas de objectos na praia de Capocotta, perto de Roma. Chapéus, brinquedos, meias, sacos, latas de conserva, entre outros, foram os materiais utilizados para a construção de “Corona Save the Beach".
Em 2010, tudo se repetiu menos a praia. Desta vez, a limpeza foi feita em Múrcia (Espanha), na Bahia de Portmán.
Em Roma, o hotel esteve a dois passos do Vaticano, e em Madrid em plena Gran Via. Com cinco quartos disponíveis, dez pessoas ficaram hospedadas diariamente em ambas as cidades. O alojamento foi gratuito e uma experiência única para quem lá esteve. A modelo internacional Helena Christensen passou pela inauguração do “Corona Save the Beach” na capital italiana o ano passado, e pernoitou por lá “Decidi passar aqui a noite, porque se trata de uma quantidade tão grande de lixo que permite até a construção de um hotel inteiro”.
Dentro das quatro paredes há pormenores “especiais”, devido à construção também ela “especial”. Não é possível tomar-se um duche, já que não há água e as casas-de-banho são todas elas químicas. Portas não existem, logo não há divisão entre os quartos. Também não vale a pena tentar encontrar algum interruptor para ligar a luz, porque ela simplesmente não existe. E se está preocupado com o eventual cheiro que os quartos possam ter, descanse: todo o lixo orgânico ficou fora do projecto.
Esta não é certamente uma hospedagem de luxo, mas sim uma possível visão do que nos espera se não cuidarmos devidamente do nosso planeta e não tomarmos atenção aos desperdicios deixados na praia "Vivemos na era do lixo e corremos o risco de nos transformar-nos em tal. Será que queremos um mundo assim?”, refere Schult. O custo ambiental do transporte do hotel foi também pensado: além de produzidas 23 toneladas de CO2, foram plantadas mais de 130 árvores como forma de compensação ambiental.
Para este ano, ainda não há destino certo. Sendo os cidadãos os responsáveis pela escolha da praia, enviando fotos da mesma para votações on-line, vá até ao site oficial e diga de sua justiça. Pode ser que Lisboa seja a próxima paragem.
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