publicado em fotografia por priscilla santos | 12 comentários
Certo dito afirma que moda, hoje, é vestir a alma por fora. Mas qual é o ponto em que a alma pode ser publicável a ponto de sairmos com ela para a rua? Um sapato que nos sugere a personalidade? Uma jóia de família? Um tecido que revela certa predileção por produtos naturais? Definitivamente, esses não são dias de moda massificada, mas de uma indústria que nos apresenta tendências flexíveis altamente personalizáveis.
Natasja Fourie jura ter passado sua juventude em escolas para modelos nos grandes centros da África do Sul, mas não é possível saber a que juventude ela se refere no alto dos seus 22 anos. Passava horas desenhando sobre quaisquer superfícies, queria ser arqueóloga, viajar o mundo, mas vêm caminhando pelos pavimentos da fotografia. Para Natasja, os limites da transfiguração de uma alma para fora do corpo podem ir muito mais além do que a escolha da cor de um par de meias e, sendo assim, busca em seus estúdios, de maneira intensa, a exposição do avesso de seus fotografados.
Nem sempre a proposta revela tranqüilidade; Fourie tem olhos para certas perversidades e não se furta em pôr lupa sobre detalhes ridículos, vergonhosos ou feios de seus modelos. É certamente por isso que suas primeiras imagens são bastante documentais; trouxe os próprios amigos para o foco fazendo nascerem fotografias caricaturais extremamente poderosas, ousadas e vibrantes.
Mais um exemplo de jovem artista cujo talento foi revelado pela internet (tudo começou com seu blogue pessoal, hoje desativado); a jovem vive hoje em Londres, onde desenvolve outros trabalhos como o de edição de vídeo. Os trabalhos de Natasja Fourie subvertem o que temos conhecido sobre fotografia de moda e nos abrem uma reflexão mais extrema sobre os dias contemporâneos de espetáculo, em que todos os objetos devem ser manipulados sobre os corpos de modo a apontar e publicar quem somos nós.
Seu site é igualmente imperdível, onde todas as fotografias estão disponíveis em fullview, fazendo justiça aos detalhes. A interatividade insana do endereço é obra do designer Kris Cook.
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