sexta-feira, 25 de abril de 2014

Portugal novamente eleito o melhor país para viajar

 

Fachada do Mosteiro da Batalha e estátua de D. Nuno Álvares  Pereira

Praia de Sagres, Algarve

 

O estranho verde de um Alentejo habitualmente castanho

 

 

Portugal foi eleito pelo segundo ano consecutivo como o melhor país do mundo para visitar, pela revista Conde Nast Traveler, uma das mais conceituadas publicações turísticas do mundo, foi hoje anunciado em Madrid.

A votação foi realizada ‘online’ pelos leitores da revista Conde Nast Traveler, que escolheram Portugal pela combinação de cultura, gastronomia, “excelentes vinhos“, praias, campos de golfe, história e, principalmente, pelos portugueses, “um povo afável, aberto e muito sincero”.

Para os leitores da revista espanhola, Portugal é considerado um destino próximo com uma “impressionante variedade” de paisagens.

Os prémios, na sua VI edição, foram entregues esta quinta-feira numa cerimónia que decorreu nos jardins de Cecilio Rodiguez, no Parque do Retiro em Madrid.

Depois de receber o prémio, o presidente do Turismo de Portugal, João Cotrim de Figueiredo, destacou a importância do prémio.

“Esta distinção reforça a visibilidade de Portugal como destino turístico de excelência junto de Espanha, um dos principais mercados emissores internacionais que, em 2013, gerou mais de 3 milhões de dormidas e mais de mil milhões de euros em receitas. Destaco ainda, com orgulho, o facto de as qualidades únicas dos portugueses no contato e receção aos turistas, marcando-os pela positiva e motivando-os a regressar, ser um dos aspetos valorizados e que muito contribuiu para a obtenção de mais este prémio”, disse.

Portugal repete assim a distinção que recebeu no ano passado quando também foi escolhido como o melhor destino a visitar, tendo ultrapassado alguns dos países mais visitados por turistas em todos os continentes.

O certame reconhece, entre outras categorias, os melhores hotéis, spa e ‘resorts’, a melhor ilha, a melhor cidade (Istambul), o melhor cruzeiro, o melhor produto tecnológico e a melhor linha áerea (Emirates).

Ferrán Adriá recebeu o prémio Viajante do Ano, Raphael o prémio Conde Nast Espirito Traveler, Gabriel Escarrer o prémio Empresario do Ano e Ninon Volkers o prémio Solidário do Ano.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Há dois milhões de vítimas de stalking em Portugal

Há dois milhões de vítimas de stalking em Portugal

 

Kelly Hau / Flickr

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Quase dois milhões de portugueses já foram vítimas de comportamentos de perseguição, ameaças, controlo e vigilância, formas de violência com tendência para aumentar e serem mais graves, alertou hoje uma investigadora da Universidade do Minho.

Os comportamentos de assédio persistente (stalking), que visam perturbar e atemorizar a vítima, podem assumir variadas formas, como telefonar frequentemente, perseguir, filmar, enviar mensagens ou presentes, ameaçar, agredir ou vigiar alguém.

“Os estudos têm vindo a mostrar que a tendência é para se verificar uma escalada destes comportamentos, quer em termos de frequência, quer em termos de severidade”, disse a investigadora Célia Ferreira, que falava à Lusa a propósito do seminário “Levar o Stalking a sério”, promovido pela APAV e que decorre na terça-feira em Lisboa.

Célia Ferreira, do Grupo de Investigação sobre Stalking em Portugal, explicou que muitas vezes estes comportamentos acabam por associar-se a outras formas de violência, como ameaças, violência física e sexual.

Um dos cenários mais frequentes de stalking surge após a ruptura de uma relação de intimidade e uma das partes não aceita a rejeição, iniciando uma campanha de assédio persistente, que pode ter “motivações diferentes”.

Inicialmente, o agressor tenta a reconciliação, mas se continua a ser rejeitado acaba por desenvolver “um desejo de vingança“.

A investigadora contou que as vítimas dizem que “sentem a sua privacidade, o seu espaço pessoal, completamente invadido e ameaçado”.

“O medo, a insegurança, a hipervigilância em relação a tudo e a todos, a desconfiança e o sentimento de falta de controlo”, acabam muitas vezes por desenvolver nas vítimas “quadros de desajustamento psicopatológico”, como depressão, ansiedade e “alguns sintomas traumáticos”.

Em Portugal, o stalking não é crime, mas há necessidade de criar legislação específica para este fenómeno, como já acontece em vários países, defende Célia Ferreira, congratulando-se com o anúncio feito pelo Governo, em Março, de estar a estudar a possibilidade de criminalizar o ‘stalking’

O que existe em Portugal, “mas que não é uma resposta completamente adequada”, é a possibilidade de criminalizar individualmente alguns comportamentos.

“Se o stalker invadir a propriedade da vítima, temos o crime de invasão, se dirigir ameaças, temos o crime de ameaças, se injuriar, temos o crime de injúrias, mas no fundo o que estamos a fazer é criminalizar actos isolados sem atendermos ao problema como um todo”, sublinhou.

Contudo, há outros comportamentos que “são sentidos e experienciados pela vítima e indutores de sofrimento”, que não possíveis de criminalizar.

“Perseguir a vítima, passar a noite na via pública à porta da casa da pessoa, acaba por ser sentido como abusivo por parte da vítima, mas não há resposta legal para muitos destes actos”, sustentou, adiantando que a resposta existente “é quase um remedeio”.

Um estudo do grupo de investigação, com 1.210 pessoas, concluiu que 19,5% dos inquiridos são ou já foram vítimas de “stalking“.

As mulheres e os jovens (entre os 16 e os 29 anos) são as principais vítimas. O agressor é quase sempre homem, sendo, na maioria das vezes, conhecido ou ex-parceiro da vítima.

domingo, 6 de abril de 2014

Viagem na Europa

Viagem à Europa

Um comboio, duas mochilas, a Europa: em vésperas de eleições europeias vamos fazer um Interrail. Vamos parar aqui e ali, de Barcelona a Bruxelas, de Atenas a Berlim, de Sófia a Londres. Os pontos estão marcados no mapa, o espaço é para surpresa.

 

Mapa inter rail

Sófia, Bulgária

Na Bulgária é preciso ir para fora para poder sonhar

JOANA BOURGARD e MARIA JOÃO GUIMARÃES

O sonho de Christiana, 23 anos, era ir para Espanha. “Ou Portugal, um país quente!”, diz. Aprendeu espanhol, mas agora com a crise nem pensa mais nisso. “É um sonho.” Mas quer ir para fora. “Muitas pessoas neste país não têm sonhos por causa da economia”.

Sófia, Bulgária

Cappuccino

1€

Transporte local

Metro

0,50€

Renda

Apartamento T1 no centro da cidade

250€

Bilhete de cinema

6€

Fonte: Numbeo, Público, valores convertidos de Lev para Euro

Ela, não. Trabalha na cadeia de comida Nordsee e estuda – vai fazer agora o último exame do curso de economia, depois pensa em Holanda ou Inglaterra. “Estou muito desapontada com o meu país. Está a tornar-se pobre por causa da política.”

Christiana, Mitko e Pettya

O desapontamento dos amigos, Mitko e Pettya, é igual. Mas estes não consideram sair da Bulgária. “Quero viver aqui.” Apesar de estudarem num curso, de arqueologia, em que, reconhecem, não terão emprego fácil. Mas hoje já chega de conversa séria. Depois de um longo dia de aulas, a palavra de ordem é relaxar.

Debaixo dos olhares dos soldados soviéticos, que ainda têm vestígios de tinta de protestos (já foram pintados de Superhomem e Capitão América, ou adornados com passa montanhas a la Pussy Riot), é o que fazem muitos jovens, garrafa de cerveja na mão, a andar de skate ou a jogar pingue-pongue.

Nicoleta e Viktoria

Já de saída do parque, Nicoleta Georgieva e Viktoria Staykova são duas amigas com percursos também muito diferentes. Com um mestrado em Engenharia civil, Nicoleta, 24 anos, tem emprego quase certo, e Viktoria, de 24 anos, tentará fazer a vida de desenhar capas de livros, a sua paixão.

Ambas gostariam de passar um tempo no estrangeiro – “Gostei tanto de Lisboa... Ginginha!”, diz Nicoleta – mas querem viver na Bulgária. Nicoleta ri-se com a ideia feita de que os búlgaros poderiam invadir o mercado de trabalho de países como Inglaterra: “Por favor, somos só sete milhões!”, ri-se. “Nem que quiséssemos, não iríamos invadir nada.”

173€

A Bulgária é o Estado-membro com o salário mínimo nacional mais baixo: 173 euros, em 2014. Em 1999, o salário minímo na Bulgária era de 32,7 euros.