sábado, 30 de abril de 2011

Joan Miró Ferras

Jazz

 

Mark Khaisman

Já alguma vez pensou em encomendar um auto-retrato seu que, em vez de ser pintado com tinta, seria feito através de fita adesiva? Mark Khaisman é um artista plástico que trabalha este material, pintando essencialmente cenas cinematográficas. Já foi arquitecto mas fartou-se porque a área não era suficientemente experimental...

mark khaisman artista fita adesiva

A paixão pelo cinema levou o ucraniano Mark Khaisman a deixar a arquitectura de lado e a dedicar-se a uma coisa completamente nova: a arte de pintar com fita adesiva, de forma a que a sobreposição de camadas crie quadros originais, claro está, inspirados em imagens famosas de cinema.

A técnica é bastante simples de explicar: através da justaposição de um número diferente de camadas de fita adesiva, chega-se a sombras de intensidade distinta que, através da iluminação posterior, criam a ilusão de imagens reconhecíveis pelo espectador. Sendo um apaixonado pelo cinema, Khaisman recorre aos cenários dos seus filmes preferidos: O Anjo do Mal (de Jacques Lourcelles) e Os 39 Graus (de Alfred Hitchcock) são dois exemplos.

Khaisman chega a usar cem metros de fita e passa em média uma semana para realizar cada trabalho. Parte de um plano estruturado mas, a partir daí, o processo criativo pode levar a diversos caminhos, dependendo da motivação. Para ele, trabalhar com este material é como oscilar entre dois pólos - o do cálculo e o do aleatório - trabalhando para o fim último do reconhecimento, quer seja de uma sensação, de uma imagem ou de uma memória. Qualquer coisa como a existência de um trabalho de construção e desconstrução no mesmo quadro.

A inspiração para esta técnica surgiu-lhe da sua familiaridade com a pintura em vidro, que também tira proveito dos jogos de iluminação. Apercebeu-se, depois, que poderia continuar este diálogo com a luz, de uma forma completamente diferente, usando outros materiais além do vidro. Na fita adesiva encontrou a matéria-prima ideal para a projecção do seu trabalho.

Mark Khaisman reside actualmente em Filadélfia, Estados Unidos. Os seus quadros podem ser encomendados no seu website oficial. Enquanto que as reproduções de cenas cinematográficas previamente executadas custam 200 dólares, os quadros personalizados podem chegar aos 10 000.

mark khaisman artista fita adesiva

mark khaisman artista fita adesiva

mark khaisman artista fita adesiva

quinta-feira, 28 de abril de 2011

John Coltrane

 

 

John Coltrane - My Favorite Things -

John Coltrane

 

 

 

 

Como é que tantos sons tocados tão depressa conseguem soar tão belos ao ouvido?
John Coltrane definiu o Saxofone Tenor no espaço de 10 anos, desde os seus trabalhos com Miles Davis e Thelonious Monk até às suas excursões a solo, não há melhor que ele. Se Jimi Hendrix é a referência na guitarra John Coltrane é a do Saxofone. Isto não é novidade nenhuma para quem conhece os grandes do Jazz e o porquê de o serem.
E comparando Coltrane aos outros compositores de Jazz que mais adoro, compreende-se que apesar de para muita gente o Jazz ainda soar a dialogo musical incoerente e excessivamente complexo, tudo o que John Coltrane fez, Miles Davis e Charles Mingus nunca teriam conseguido ter feito. Esta é a beleza das referências em todos os géneros. Há sempre alguma coisa que algum deles não consegue fazer tão bem como o outro. Todos eles foram pioneiros, não há ninguém no Jazz que não lhes siga as passadas, mas são todos dramaticamente diferentes. Enquanto Charles Mingus tinha uma abordagem mais clássica ao Jazz Avant-garde utilizando ensembles maiores e uma estética mais clássica piscando o olho ao Blues, Miles Davis queria sempre estar na proa do barco no que tocava às inovações mais recentes do mundo da música pegando em todas as inovações técnicas que a electricidade tinha para dar ao mundo da música e deixando sempre a questão "O que é Jazz?". Entretanto, John Coltrane com o formato "simples" de um quarteto, aperfeiçoava a linguagem melódica de todos os solistas que viriam daí para a frente com técnicas de composição e construção melódica que hoje são norma em muitas vertentes do Jazz.
Apesar de tudo, todos eles eram génios no que faziam, nos instrumentos que tocavam e na forma como quebravam as barreiras. Mas no entanto, arrisco-me a dizer que como instrumentista, nenhum deles teve o impacto que John Coltrane teve. Alguns dos temas que Coltrane escreveu são hoje considerados standards do Jazz e grande parte deles, são das peças mais impressionantes tecnicamente no mundo da música.
Até agora parece que Coltrane é apenas um inovador técnico. Mas se há provas que ele vai muito além disso é em álbuns como Giant Steps ou My Favorite Things .
My Favorite Things é a recomendação que faço e é dos meus álbuns favoritos de Jazz. Para começar, foi a estreia de Coltrane a gravar com um Saxofone Soprano , que é dos instrumentos que mais gosto de ouvir. Depois há duas performances que são das melhores no catálogo de John Coltrane: "My Favorite Things" e "Summertime", ambas standards quando Coltrane as gravou e ambas com direito a arranjos absolutamente assustadores, em que todos os músicos brilham.
Neste álbum contamos com McCoy Tyner no piano, Elvin Jones na bateria e Steve Davis no contrabaixo, uma secção rítmica que mete Coltrane no paraíso antes sequer de ele dar uma nota. O arranjo do tema que se tornou conhecido no filme "Música no Coração" e que dá nome ao álbum é particularmente arrepiante: uma mutação absurda do tema, numa uma viagem pelos confins da música indiana e do Jazz.
Summertime tem um solo estrondoso de bateria de Elvin Jones e McCoy Tyner não pára no álbum inteiro. Dois músicos que estariam para se tornar lendas absolutas do Jazz.
É um álbum relativamente curto e de fácil digestão para quem tem medo das divagações dos solistas, por isso dêem uma olhadela, com os ouvidos de preferência.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Voz e Aroma

Voz e Aroma

A brisa vaga no prado,

Perfume nem voz não tem;

Quem canta é o ramo agitado,

O aroma é da flor que vem.

A mim, tornem-me essas flores

Que uma a uma vi murchar,

Restituam-me os verdores

Aos ramos que eu vi secar...

E em torrentes de harmonia

Minha alma se exalará,

Esta alma que muda e fria

Nem sabe se existe já

Almeida Garrett

Carla Bruni/ Françoise Hardy

Lydia com "y"

Lydia com "y" morava no Edifício Bourbon, que ficava entre a Avenida Expedicionário João Soares Faria e a Rua Gonçalves Dias, nome do homem de Doris, amiga de Lydia. Gonçalves Dias escrevia marchinhas de carnaval em papel de embrulhar carne. Era açougueiro e gostava de mulher com uma certa substância, como gostava de dizer enquanto alisava o bigode.

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The Blue Lovers. Oil on canvas, 1914. (Detalhe)

Lydia com "y" morava no Edifício Bourbon, que ficava entre a Avenida Expedicionário João Soares Faria e a Rua Gonçalves Dias, nome do homem de Doris, amiga de Lydia. Gonçalves Dias escrevia marchinhas de carnaval em papel de embrulhar carne. Era açougueiro e gostava de mulher com uma certa substância, como gostava de dizer enquanto alisava o bigode. Ele ainda não sabia que tinha uma queda por Lydia e pela sua marca de nascença na coxa direita.

Ela, por sua vez, trabalhava na Galeria Zafira como maquiadora. Gostava de maquiar mulheres mais velhas e ex-freiras. Sentia uma certa alegria infantil ao ver as bochechas das senhoras enrubescerem quando lhes fazia massagem nos seios da face. Nos finais de semana gostava de pegar o trem para Catanduvas para visitar a sua mãe que, desde a morte do marido, sofria de exílio existencial e colecionava bibelôs.

De acordo com os cientistas da NASA, o eclipse lunar estava para acontecer por volta das seis horas da tarde, momento exato em que Lydia tomava o seu banho de rosas. E em que Joaquim, do outro lado do rio, embaixo do chuveiro, tomava o seu banho com a sua touca de pato que fazia "quack-quack". O gato de Joaquim, Alfredo, gostava de ouvir a rádio esotérica da cidade e ria com escárnio das cartas enviadas pelos fãs. Esotérico, do grego esoterikós. Indivíduo que se interesa por coisas místicas e estudos esotéricos.

Alfredo sonhava em jogar a touca pela janela. O "quack-quack" era a maior representação do kitsch e ele havia inclusive criado um grupo de gatos anti-toucas, tamanha a sua implicância. A lua se preparava junto de Lydia e Joaquim, seus corpos em movimento como a maré em valsa. E foi então que ela comecou a dançar. E sozinha dançava com a esperança real de atrair um corpo celeste que a fizesse não parar de flutuar jamais. A touca de Joaquim, com a força dos passos de Lydia, caiu no chão, era o momento. Sentiu um calor invadir o seu corpo e aumentou a água fria; enquanto Lydia, do outro lado, rodopiava jogando pétalas pelo banheiro, pela casa, a rua, a cidade, os campos... Dizem que foi parar uma pétala no travesseiro do seu pai, do lado esquerdo do peito da sua mãe.

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The Blue Violinist, 1947

Doris a aguardava eufórica na manhã seguinte. Queria saber se ela não havia sentido a eletricidade no ar. "Uma química". Ela sorriu e passou um batom rosa-choque na boca de Doris, que não entendeu, mas achou sedutor, e entrou atrás dela falando sem parar que aquela havia sido a melhor noite que ela já tinha passado ao lado do Gonçalves. Doris não sabia, mas enquanto andava e falava seu corpo rebolava criando curvas no ar. "Ele cantou suas marchinhas dentro..." "Cantou o-quê?", perguntou Lydia com um grito agudo, como se escutasse um segredo de uma das suas ex-freiras. Os olhos nestas ocasiões conhecem o céu. Roda-gigante.

Joaquim, que nunca passava em frente ao salão para pegar o seu trem, hoje havia decidido mudar o caminho para não se encontrar com Charles, o vizinho que vendia seguro de vida. Atravessou a rua e, de repente... Eureka! Era Lydia dentro do salão passando rímel nos cílios de uma freguesa. E sorria como se tivesse devolvido vida a aquele olhar amargurado e cansado. Os cientistas da NASA, cronometricamente, se entreolharam, piscaram e voltaram os olhos para a tela do computador.

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Au-dessus de la ville, 1924

Joaquim, perdido de afeto, deu uma topada com o pé e a dor lancinante afastou o rosto de Lydia. "Claro! Já viu topada que não tenha sido involuntária", disse para si mesmo e saiu com pressa e vergonha que ela tenha notado a cena. De dentro do salão Lydia arrumava a meia-calça que havia ficado presa no seu anel e recordava o banho de rosas e a sensação de que alguma coisa ou alguém havia lhe tocado.

Gonçalves Dias gostava de ser notado. Entrava no salão com passos de gangster ainda que cheirando a carne e perfume barato. Doris gostava, sempre, e ficava cega ao ver o seu homem. Zoom na meia-calça transparente: a pinta. Gonçalves viu e sentiu desejo. Lydia percebeu e correu com o andar apertado para a cozinha. Um shot de espresso, dois shots de vergonha e desepero. "O Gonçalves, não!" E tentou reproduzir o mesmo olhar de terror de Janet Leigh na cena do chuveiro. Sem sucesso. Doris, parva, apenas abanava-se com o leque vermelho de bolas pretas que carregava sempre na bolsa. Na rádio imaginária de Doris tocava electrotango e ela ia ao encontro de Gonçalves. Enquanto isso, na calçada em frente ao salão um convite no formato de pétala de rosa aguarda Lydia sair para almoçar. "Quer dançar comigo?".

leia a segunda parte deste conto

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Champs de Mars, 1954

Françoise Hardy/Iggy Pop

Nastaja Fourie

 

Natasja Fourie alma sonho modelo fotografia

Certo dito afirma que moda, hoje, é vestir a alma por fora. Mas qual é o ponto em que a alma pode ser publicável a ponto de sairmos com ela para a rua? Um sapato que nos sugere a personalidade? Uma jóia de família? Um tecido que revela certa predileção por produtos naturais? Definitivamente, esses não são dias de moda massificada, mas de uma indústria que nos apresenta tendências flexíveis altamente personalizáveis.

Natasja Fourie jura ter passado sua juventude em escolas para modelos nos grandes centros da África do Sul, mas não é possível saber a que juventude ela se refere no alto dos seus 22 anos. Passava horas desenhando sobre quaisquer superfícies, queria ser arqueóloga, viajar o mundo, mas vêm caminhando pelos pavimentos da fotografia. Para Natasja, os limites da transfiguração de uma alma para fora do corpo podem ir muito mais além do que a escolha da cor de um par de meias e, sendo assim, busca em seus estúdios, de maneira intensa, a exposição do avesso de seus fotografados.

Nem sempre a proposta revela tranqüilidade; Fourie tem olhos para certas perversidades e não se furta em pôr lupa sobre detalhes ridículos, vergonhosos ou feios de seus modelos. É certamente por isso que suas primeiras imagens são bastante documentais; trouxe os próprios amigos para o foco fazendo nascerem fotografias caricaturais extremamente poderosas, ousadas e vibrantes.

Mais um exemplo de jovem artista cujo talento foi revelado pela internet (tudo começou com seu blogue pessoal, hoje desativado); a jovem vive hoje em Londres, onde desenvolve outros trabalhos como o de edição de vídeo. Os trabalhos de Natasja Fourie subvertem o que temos conhecido sobre fotografia de moda e nos abrem uma reflexão mais extrema sobre os dias contemporâneos de espetáculo, em que todos os objetos devem ser manipulados sobre os corpos de modo a apontar e publicar quem somos nós.

Seu site é igualmente imperdível, onde todas as fotografias estão disponíveis em fullview, fazendo justiça aos detalhes. A interatividade insana do endereço é obra do designer Kris Cook.

Natasja Fourie alma sonho modelo fotografia

Nastaja Fourie

 

publicado em fotografia por priscilla santos | 12 comentários

Natasja Fourie alma sonho modelo fotografia

Certo dito afirma que moda, hoje, é vestir a alma por fora. Mas qual é o ponto em que a alma pode ser publicável a ponto de sairmos com ela para a rua? Um sapato que nos sugere a personalidade? Uma jóia de família? Um tecido que revela certa predileção por produtos naturais? Definitivamente, esses não são dias de moda massificada, mas de uma indústria que nos apresenta tendências flexíveis altamente personalizáveis.

Natasja Fourie jura ter passado sua juventude em escolas para modelos nos grandes centros da África do Sul, mas não é possível saber a que juventude ela se refere no alto dos seus 22 anos. Passava horas desenhando sobre quaisquer superfícies, queria ser arqueóloga, viajar o mundo, mas vêm caminhando pelos pavimentos da fotografia. Para Natasja, os limites da transfiguração de uma alma para fora do corpo podem ir muito mais além do que a escolha da cor de um par de meias e, sendo assim, busca em seus estúdios, de maneira intensa, a exposição do avesso de seus fotografados.

Nem sempre a proposta revela tranqüilidade; Fourie tem olhos para certas perversidades e não se furta em pôr lupa sobre detalhes ridículos, vergonhosos ou feios de seus modelos. É certamente por isso que suas primeiras imagens são bastante documentais; trouxe os próprios amigos para o foco fazendo nascerem fotografias caricaturais extremamente poderosas, ousadas e vibrantes.

Mais um exemplo de jovem artista cujo talento foi revelado pela internet (tudo começou com seu blogue pessoal, hoje desativado); a jovem vive hoje em Londres, onde desenvolve outros trabalhos como o de edição de vídeo. Os trabalhos de Natasja Fourie subvertem o que temos conhecido sobre fotografia de moda e nos abrem uma reflexão mais extrema sobre os dias contemporâneos de espetáculo, em que todos os objetos devem ser manipulados sobre os corpos de modo a apontar e publicar quem somos nós.

Seu site é igualmente imperdível, onde todas as fotografias estão disponíveis em fullview, fazendo justiça aos detalhes. A interatividade insana do endereço é obra do designer Kris Cook.

Natasja Fourie alma sonho modelo fotografia

segunda-feira, 25 de abril de 2011

You dont´t know me

 

You give your hand to me and then you say "hello", and I can hardly speak, my heart is beating so. And anyone can tell, you think you know me well... but you don't know me.
No, you don't know the one who dreams of you each night, and longs to kiss your lips, and longs to hold you tight. To you I'm just a friend, that's all i've ever been. No, you don't know me.
I never knew the art of making love, though my heart aches with love for you. Afraid and shy, I let my chance go by... the chance that you migh love me too.
You give your hand to me and then you say "goodbye", and then I watched you walk away beside the lucky guy. I know you'll never know the one who loves you so... no, you don't know me.
But I never knew the art of making love, though my heart aches with love for you. Afraid and shy, I let your chance go by... the chance that you migh love me too.
You give your hand to me and then you say "goodbye", and then I watched you walk away beside the lucky guy.
You'll never ever know the one who loves you so... no, you don't know me. I said: YOU'LL NEVER EVER KNOW THE ONE WHO LOVES YOU SO... no, you don't know me.

Fotografia - Luke Powell

 

 Fotografia Afeganistao Vida Pessoas Luke Powell

O fotógrafo Luke Powell passou grande parte da sua vida em viagem por países distantes. Um dos seus locais preferidos é o Afeganistão. Esteve lá nos anos 70' antes da guerra com os russos e recentemente, depois da guerra com os americanos. As centenas de fotografias que fez desde então mostram-nos uma realidade bem diferente daquela que conhecemos da televisão ou do cinema: a das pessoas como nós na sua vida quotidiana.

 Fotografia Afeganistao Vida Pessoas Luke Powell

 Fotografia Afeganistao Vida Pessoas Luke Powell

 Fotografia Afeganistao Vida Pessoas Luke Powell

 Fotografia Afeganistao Vida Pessoas Luke Powell

 Fotografia Afeganistao Vida Pessoas Luke Powell

 Fotografia Afeganistao Vida Pessoas Luke Powell

 Fotografia Afeganistao Vida Pessoas Luke Powell

 Fotografia Afeganistao Vida Pessoas Luke Powell

Otto – Saudade

domingo, 24 de abril de 2011

Marcus Miller

Marcus Miller

Palavras de poeta

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Procuro no sonho o que não tenho na terra
a tua presença serena que em apaixona e em mim guerra.
Por um pedaço de ti. Por ti num completo só meu.
Por libertar palavras que o teu coração não leu.

Procuro algo que me complete e arrebate,
todos os sentimentos, que juro manter de parte.
Quero libertar, quero falar com a terra e mar,
quero abraçar o vento e beijar a gota que te fez chorar.

Por vezes choro, o oposto não se atrai mas repele
embora o amor seja tão forte que tente abandonar a minha pele.
Uma palavra que não diga, uma frase fora do lugar,
será tão significante para tudo desmoronar?

Porque poeta? Por vezes apenas analfabeto.
Apenas tento mostrar aquilo que é correto.
Quero juntar-nos ainda mais, quero ultrapassar manias
quero mostrar-te que te amo, mediante poesias.

Fico sem palavras, não sei como te explicar.
Desculpa o que sou, para sempre vou-te amar.

Poesia

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Poesia não são apenas versos agrupados em quadra, são sim um fragmento, pedaços guardados no tempo, de figuras vivendo em nada. É uma caixa de sentimentos, arquivos desiguais de uma vida, uma dor insaciável apenas curada na escrita. Cada palavra é sangue, cada verso uma veia, a poesia o coração que mantêm a chama acesa. A caneta é a melhor amiga de um poeta, a ponte inexistente entre o papel e mente aberta. Um ser descoberto a confissão de uma vida, a sua deceção e ilusão, em cada poema uma ferida.

Eu poeta

 

http://fc01.deviantart.net/fs70/i/2010/178/2/9/Get_a_Grip_by_scottjamesprebble.jpg

Formei palavras para encantar parábolas,
peguei em frases e construí fábulas.
Antigas construções, que mantive em pensamento.
Frases nunca ditas, que morreram com o tempo.

Pudesse eu beijar o mar em que vives,
passar no tempo que passas.
Viver apenas, contar desgraças,
deste ser que nunca morre.

Apelei a teu ser o dom do amor,
vivo para amar as pequenas coisas,
nessas mesmas coisas encontro dor,
vivo pois, para mudar as coisas.

Uma vez eu poeta disse em tom de desprezo, tudo o que sou e me mantém preso é a escrita que escrevo. Se por ventura o sol desafiar a lua. Assim como desafio a poesia, tudo o mundo mudará, será a noite o dia e o meu mundo desaparecerá.

Muitos queriam ser a poesia,
que outrora, um dia, trazia,
no tempo em que fazia,
poesia, acabava e aplaudia.

Uma vez eu poeta disse em tom de esperança, com atitudes negativas este nosso mundo não avança. Esse poeta grava lembrança, está ciente da mudança. Este poeta hoje cresceu e deixou de ser criança.

A ti poesia

Hoje é o nosso dia poesia
será que é hoje que aceitas meu pedido?
Durante anos guardando-me do mundo
para ser o teu comprometido.

Poderia desejar muito,
mas só te desejo a ti
num mundo de tanto, muito,
a ti recorro e transmito o que senti.

Porque querer ter voz
se me basta escrever para ser ouvido
nunca me questionas-te
tenho pena, fico comovido…

Queria um motivo, queria saber porque não,
o porque de nos amar-mos e não aceitares meu coração.
Poesia, se ao menos pudesse transformar irreal em vida
poderia gritar feliz, por ter cura para a minha ferida.

Porque não aceitas o que te dou?
Será que alguém te dá mais e melhor?
Queria desafiar esse ser, para saber
quem ama com mais ardor.

Será que não consigo ter amor,
por guardares o meu coração?
Podes liberta-lo por segundos
para saber qual a sensação?

Tanto é esse amor que me dás, mas sabes que não o posso transmitir, apenas vivo na tua mente, sou um ser inexistente, que nunca poderá beijar e sentir.

Mas porque poesia?
Explica-me a razão,
se não existes,
porque preenches o meu coração?

Sou apenas ilusão, que vive na visão do teu ser que existe, e se vivo é por essa paixão que no teu coração persiste.

Persiste e nunca a deixarei morrer
hoje tenho a certeza, que nasci para escrever.

Suicídio Existencial

http://fc09.deviantart.net/fs71/f/2010/079/4/5/xx_220_by_scarabuss.jpg

Se não existisse, não escreveria, não sentia não fazia diferença na minha indiferença de mais um dia. Não seria quente, provavelmente minha alma seria fria, não existia, muito menos teria relevância, na insignificância da magia, que a minha escrita cria, como uma droga lírica e funcional, a única que quanto mais se consome, menos esta faz mal. Se não existisse, este espaço não passaria de um projeto, demasiado ambicioso e trabalhoso para passar ao concreto. Sem mim, na verdade não existiria muita diferença, se uma pessoa nunca vier ao mundo como sentiremos falta da sua existência.

Essa existência,
que me compensa e me comove,
me tome me tira, tropeça
e me promove.

Esse amor,
que me prende e liberta,
esta dor,
que me faz escrever à descoberta.

Se eu não fosse mais do que sou, mais do que tento ser, se não fosse esta paixão imensa e toda a vontade de escrever, não era, e por mera espera nesta vida sem Primavera, escreveria no céu, muito acima da nosso troposfera. A minha atmosfera é composta de palavras, sem elas, o meu ser simplesmente não se consegue descrever, preciso de palavras para respirar, são elas que na maioria me fazem viver.

Poderia escrever livros,
sem parar até ao seu final,
não escrevo em partes,
um ser que não é divisional.

 

Faço composições, conquisto corações com o meu modo de ser, crio discussões, falsas opiniões e falso viver. Há quem diga que não sou um, mas muitos seres dentre de mim, cada um vive e morre, vem e promove, só espero que todos triunfem no fim. Eu sou horas, dias, semanas de dicionários e folias, sou construção de fantasias, sou bolo de palavras às fatias, sou mais, sou menos, quebro a escala que está no meio, trago o poeta da atualidade que todos chamaram mas não veio. Eu vim… E se vim, marquei esta posição para ficar, nem que tenha de morrer por esta arte, nunca ninguém será capaz de a tirar, nem que o rio corra sobre o meu corpo, o vento me coloque a voar no ar, eu escreverei nas nuvens para isto nunca acabar.

Poderia passar o mundo e deliciar-me nas linhas do céu, mas o mundo é efémero, e o céu é infinito e o meu mundo és tu. Podia então rasgar um pouco do céu para te mostrar meu mundo que ele não é tão grande como tu. Poderia ainda rasgar um pouco de mim para te oferecer, mas nunca rasgar o meu mundo para oferecer ao céu…

H.A. Schult

O artista alemão H.A. Schult é o mentor do projecto “Save the Beach”. Com o propósito de limpar uma praia europeia por ano, o lixo aí recolhido é depois utilizado, nada mais, nada menos, do que na construção de um hotel. Até agora, Roma e Madrid foram as primeiras cidades a recebê-lo.

hotel praia lixo reciclagem ambiente

Desde os anos 60 o lixo tornou-se no material de trabalho de H.A.Schult. E, com o lixo, o artista cria surpreendentes obras de arte.

Depois do projecto “Trash men” (uma série de figuras humanas construídas em tamanho natural, que estiveram expostas em vários locais turísticos, entre eles as Pirâmides do Egipto, a Grande Muralha da China ou a Praça Vermelha em Moscovo), surge em 2008 “Save the Beach”, cujo lema consiste em limpar uma praia europeia por ano. Por trás dele, está uma importante mensagem de alerta que Schult quer transmitir à opinião pública: se não nos preocuparmos com a limpeza das praias, as nossas futuras férias serão passadas no meio do lixo, acumulado ao longo do ano.

Em 2009, o alemão foi contactado para que estes desperdícios “ganhassem vida” e se transformassem num hotel. Durante dois meses, inúmeros voluntários recolheram cerca de doze toneladas de objectos na praia de Capocotta, perto de Roma. Chapéus, brinquedos, meias, sacos, latas de conserva, entre outros, foram os materiais utilizados para a construção de “Corona Save the Beach".
hotel praia lixo reciclagem ambiente

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Em 2010, tudo se repetiu menos a praia. Desta vez, a limpeza foi feita em Múrcia (Espanha), na Bahia de Portmán.

Em Roma, o hotel esteve a dois passos do Vaticano, e em Madrid em plena Gran Via. Com cinco quartos disponíveis, dez pessoas ficaram hospedadas diariamente em ambas as cidades. O alojamento foi gratuito e uma experiência única para quem lá esteve. A modelo internacional Helena Christensen passou pela inauguração do “Corona Save the Beach” na capital italiana o ano passado, e pernoitou por lá “Decidi passar aqui a noite, porque se trata de uma quantidade tão grande de lixo que permite até a construção de um hotel inteiro”.

Dentro das quatro paredes há pormenores “especiais”, devido à construção também ela “especial”. Não é possível tomar-se um duche, já que não há água e as casas-de-banho são todas elas químicas. Portas não existem, logo não há divisão entre os quartos. Também não vale a pena tentar encontrar algum interruptor para ligar a luz, porque ela simplesmente não existe. E se está preocupado com o eventual cheiro que os quartos possam ter, descanse: todo o lixo orgânico ficou fora do projecto.

hotel praia lixo reciclagem ambiente

hotel praia lixo reciclagem ambiente

Esta não é certamente uma hospedagem de luxo, mas sim uma possível visão do que nos espera se não cuidarmos devidamente do nosso planeta e não tomarmos atenção aos desperdicios deixados na praia "Vivemos na era do lixo e corremos o risco de nos transformar-nos em tal. Será que queremos um mundo assim?”, refere Schult. O custo ambiental do transporte do hotel foi também pensado: além de produzidas 23 toneladas de CO2, foram plantadas mais de 130 árvores como forma de compensação ambiental.

Para este ano, ainda não há destino certo. Sendo os cidadãos os responsáveis pela escolha da praia, enviando fotos da mesma para votações on-line, vá até ao site oficial e diga de sua justiça. Pode ser que Lisboa seja a próxima paragem.

hotel praia lixo reciclagem ambiente

sábado, 23 de abril de 2011

JESUS CHRIST SUPERSTAR

Para desespero dos conservadores, surgia nos anos 70 um musical que trazia uma visão humanizada e contundente dos últimos dias de Cristo, dando espaço a personagens controversos e explorando questões políticas e sociais. Jesus Christ Superstar superou as críticas e o teste do tempo, e suas canções ecoam até os dias de hoje.

Broadway Christ Cristo Jesus Superstar

My mind is clearer now – at last all too well
I can see where we all soon will be
If you strip away the myth from the man
You will see where we all soon will be

Judas, em “Heaven in Their Minds”

Música e religião. Eis aí dois temas perigosos de abordar, seja pelas paixões que despertam ou pela linha íngreme entre o sublime e o enfadonho em que ambos caminham. Logo, não deixa de surpreender que um musical sobre os últimos dias de Jesus Cristo tenha alcançado tamanho êxito, como é o caso de Jesus Christ Superstar.

Desde sua primeira apresentação nos palcos em 1971, o espetáculo já contabiliza dezenas de montagens nas mais diferentes línguas (incluindo uma versão em português, traduzida por Vinícius de Moraes), um número semelhante de álbuns gravados e duas versões cinematográficas, a mais famosa realizada em 1973 e que ajudou a propagar ainda mais o evangelho contracultural concebido por Andrew Lloyd Webber e Tim Rice.

Não que as coisas tenham sido simples de início para a produção. Assim como Jesus foi um líder espiritual incompreendido em seu tempo, a ideia de um espetáculo musical que privilegiava a perspectiva de um Judas negro, que contestava as atitudes de um Cristo com atitude rocker e sua companheira (groupie?) Maria Madalena não agradou em nada os religiosos da época, principalmente nos Estados Unidos.

As metáforas e críticas às questões políticas e raciais que estavam em ebulição no continente americano e no resto do mundo naquela altura tampouco ajudaram na empatia com o público. Um elenco multirracial em meio a soldados romanos com metralhadoras, tanques de guerra cruzando o deserto e um templo onde se traficavam drogas e prostitutas: assim era a Israel representada nos cânones de Jesus Christ Superstar. Um microcosmo propositalmente exagerado, mas com um apelo inegavelmente realista.

Broadway Christ Cristo Jesus Superstar

O Jesus que Webber & Rice apresentam é o "cara", ídolo das multidões de Jerusalém, mas que antes de tudo é humano e repleto de medos e anseios pelo que acontece - e ainda acontecerá - à sua volta. Cenas-chave como a postura descontraída na funky "What's the Buzz?", a demonstração de fúria em "The Temple" ou o momento contemplativo em Gethsemane mostram estas nuances de um personagem que foi magistralmente interpretado (nas versões da Broadway e no filme de 1973) por Ted Neeley, mas que teve um intérprete mais famoso associado: Ian Gillan, do Deep Purple. Se sua performance representa luz e vitalidade, seus antagonistas estão no espectro oposto: os fariseus têm voz grave, pausada e quase monocórdica, maquinando o destino de Jesus em meio a arranjos fúnebres.

Da mesma maneira, os outros personagens de destaque em Jesus Christ Superstar vão além do maniqueísmo. Mais do que um mero traidor ou um hipster amargurado por seu movimento ter caído nas graças do povo, Judas possui motivações políticas genuínas e uma crítica feroz ao culto à personalidade de Cristo. Sua interpretação cheia de blues e tragédia (cortesia de Carl Anderson, falecido em 2004) é o contraponto perfeito para as potentes vocalizações de Jesus. Maria Madalena, por sua vez, é resgatada do estereótipo de “mulher impura” e também ganha luz própria ao expor a amplitude de seus sentimentos em relação ao Filho do Homem, nomeadamente em "I Don't Know How to Love Him", uma das mais belas canções do musical.

Broadway Christ Cristo Jesus Superstar

Musicalmente, JCS exala (e exalta) o rock and roll dos anos setenta com timbres psicodélicos, guitarras e vocais urgentes, acrescentando uma boa dose de soul music (ouça atentamente a já citada "What's The Buzz", "Simon Zealotes" e "Strange Thing Mistyfing") sem esquecer as tradicionais orquestrações e corais característicos da Broadway.

De fato, se há uma conexão com o divino em Jesus Christ Superstar, ela se dá através das composições e da interpretação do elenco. Por sinal, o musical é objeto de culto entre músicos, cantores e atores até os dias de hoje, o que explica o envolvimento de outros nomes conhecidos do rock e de Hollywood em montagens mais recentes, incluindo Corey Glover (Living Colour) no papel de Judas, Sebastian Bach (Skid Row) como Jesus e até mesmo Alice Cooper como um impagável Herodes.

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É essa conjunção de fatores o grande motivo da longevidade de Jesus Christ Superstar: o casamento entre sagrado e profano, rock e orquestra, o escapismo dos musicais com o dedo na ferida nos problemas e dilemas de nossos tempos. Mesmo se você não for um fã do gênero, é grande a chance de ser arrebatado pelo belo trabalho musical de Mr. Webber e seus intérpretes. (Foi o que aconteceu comigo, aliás: graças a “Jesus”, aprendi a apreciar outros espetáculos clássicos da Broadway.)

Faça o teste, então: caso a sua cabeça não consiga assimilar um grupo de apóstolos dançarinos com roupas coloridas, ouça as canções e letras como se fosse um álbum à parte, sem preconceitos. E não estranhe se sair por aí logo depois, cantando “Hey JC, JC won't you smile at me? Sanna Ho Sanna Hey Superstar!”

 

Os ovos de Páscoa de Peter Carl Fabergé

Os ovos de Páscoa de Peter Carl Fabergé são os mais caros do mundo e considerados até hoje verdadeiras obras-primas da joalharia. Um requinte que lhe valeu a preferência dos czares da Rússia.

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A receita para se fazer um ovo de Páscoa como o conhecemos hoje é simples: mistura-se açúcar, cacau e leite com alguns outros ingredientes e temos um presente irresistível que normalmente dura menos de uma semana, para os chocólatras como eu.

Já a receita dos ovos de Páscoa criados pelo joalheiro Peter Carl Fabergé é um tanto mais cara. Em seu ateliê, ele criava ovos com ingredientes como pedras preciosas, metais e esmaltes.

O primeiro ovo Fabergé foi criado em 1885 sob encomenda do czar Alexandre III, que queria presentear com algo especial sua esposa, Maria Feodorovna, por ocasião da Páscoa. O joalheiro criou então um ovo em ouro esmaltado que aparentemente não tinha nada de extraordinário. Mas ao ser aberto descobria-se em seu interior uma gema de ouro que dentro tinha uma galinha com olhos de rubi, que por sua vez continha uma réplica em diamante da coroa imperial.

Ao receber o presente, a imperatriz ficou encantada e assim o czar nomeou Fabergé o joalheiro oficial da corte. Os ovos se tornaram uma tradição da família imperial russa. Todo ano Carl criava uma nova peça e a única condição imposta por Alexandre ao artista era a de que cada ovo devia ser único e conter uma surpresa dentro.

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A tradição permaneceu após a morte de Alexandre III e foi continuada por seu sucessor, Nicolau II, só encontrando seu fim com a queda do império, em 1917. Com a posse do novo czar, Fabergé passou a produzir dois ovos por ano - um para a nova czarina, Alexandra Feodorovna, e outro para a viúva de Alexandre.

Os ovos tinham motivos temáticos sempre ligados ao cotidiano da família imperial e a momentos históricos da Rússia como, por exemplo, a inauguração da estrada Transiberiana. Depois da primeira exposição em que os ovos foram mostrados ao mundo, em 1900, o joalheiro viu seu prestigio atingir o auge. Abriu novos ateliês fora da Rússia e passou a ser procurado por clientes particulares interessados em adquirir ovos e jóias imponentes.

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A joalheria de Fabergé alcançava seu ápice, mas em contrapartida o império russo declinava. A crescente crise da corte czarista afetou a obra de Carl, que começou a optar por materiais semipreciosos na confecção de suas peças. Nesse contexto, os ovos criados pelo joalheiro ficaram para sempre ligados à imagem da decadência do regime czarista, um paradoxo entre a pobreza que assolava o país e a opulência de um Império falido.

Devido ao conturbado momento histórico, Fabergé decidiu em 1916 fechar sua joalheria. Os ovos, que faziam parte das jóias imperiais foram em parte saqueados e outros confiscados pelo novo governo. Sendo visto como um símbolo da luxúria que dominava o antigo governo, o joalheiro teve que buscar exílio na Suíça, onde viveu até a sua morte em 1920.

Décadas depois da revolução, os ovos passaram a ser muito valorizados, tanto pela beleza inigualável como pela mística que se criou em torno da má sorte da família imperial. Colecionadores de todo o planeta disputavam as peças em leilões que acabavam sempre em arremates por valores extremos.

O mais caro deles, vendido por 12,5 milhões, foi leiloado em 2007. E apesar do preço, não era um dos ovos produzidos para os czares, mas um ovo feito para um cliente particular do joalheiro. Estima-se que Fabergé tenha produzido 56 ovos imperiais, mas destes apenas 44 foram localizados.

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Minha Versão do Amor, de Richard J. Lewis

 

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Minha Versão do Amor, de Richard J. Lewis

Um filme que faz refletir sobre a própria vida, sobre as opções que podemos tomar de acordo ou não com a nossa essência.

….(..)

No táxi, indo para o cinema, tive a melhor introdução ao filme que alguém poderia ter tido. O taxista me deu a sua versão de felicidade: a Felicidade está à sua volta, ao alcance dos nossos olhos, está naquilo que interage conosco, que nos toca. As coisas estão aí ao nosso alcance, e podemos pegá-las, o problema é que não podemos segurar muitos elementos ao mesmo tempo; é importante se guiar pela sua própria essência, e saber se apegar ao que é realmente importante. Ele me perguntou se eu era crítico de cinema, de acordo com a conversa que havia tido no celular. Disse que sim, ele anotou o endereço do site, e fui ver o filme.

Paul Giamatti (de Sideways e Anti – Herói Americano) é, em minha opinião, o maior ator de Hollywood em atividade no momento. Ele está fabuloso vivendo o protagonista deste “Minha Versão do Amor”, Barney Panofsky. Barney é um produtor de TV que vive no Canadá; ele tem uma vida marcada por acontecimentos importantes: um crime não solucionado, três casamentos, uma doença incurável.

O filme ganha o espectador pela sua absoluta verdade: tudo o que acontece ali pode acontecer com qualquer um de nós; a diferença é como o personagem (e o ator) reage aos acontecimentos. O herói desta história é um ser humano comum, mas que escolhe ser guiado por uma paixão, Myriam, a mulher que conheceu no dia de seu casamento.

Este amor é tão forte que as escolhas de Barney giram em torno dele. Myriam passa a ser o motivo principal de sua vida; e é um sentimento tão belo, tão verdadeiro, que emociona a platéia. O ator consegue passar então, de forma primorosa, os sentimentos de uma pessoa apaixonada, que descobre a sua própria essência no amor. Mas tudo começa a ruir quando uma doença grave é diagnosticada.

O filme é composto de memórias, de tempos que se interpõe, e é justamente a memória de nosso herói que começa a falhar. O Alzheimer ainda é um mistério para a medicina, e um sofrimento principalmente para aqueles que amam o doente. É neste quadro de perda progressiva de memória que percebemos o quanto esta nossa faculdade é importante. A memória de uma pessoa, a memória de um povo; Hugo Munsterberg, talvez o primeiro teórico de cinema, que comparou o filme à mente humana, dizia que a memória tem a ver com a edição do filme — com a maneira que os planos são arranjados.

Cada vida é uma vida, mas podemos imaginar a tragédia pessoal daqueles que mudam de forma abrupta por algum problema cerebral, e também daqueles que estão junto da pessoa, nesta caminhada pela Terra. O taxista estava certo ao dizer que não devemos segurar muitos elementos; e quem os prende, senão a memória?

Um filme que faz refletir sobre a própria vida, sobre as opções que podemos tomar de acordo ou não com a nossa essência. Aliado ao caráter verdadeiro do filme e a grande interpretação de Giamatti, está a participação de grandes diretores de cinema do Canadá em pequenas pontas no filme: Dennys Arcand, Atom Egoyan e o fantástico David Cronenberg podem ser reconhecidos como o maitre do restaurante e os diretores de TV que trabalham para Panofsky.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Xutos & Pontapés

Morreu Zé Leonel, membro fundador dos Xutos & Pontapés e dos Ex-Votos -

Morreu Zé Leonel, membro fundador dos Xutos & Pontapés e dos Ex-Votos

Músico português tinha 50 anos e sofria de cancro no fígado. Funeral é sexta-feira, 22 de abril, na Póvoa de Santa Iria.

Zé Leonel, um dos membros fundadores dos Xutos & Pontapés e dos Ex-Votos, faleceu esta madrugada, aos 50 anos.
Segundo notícia da agência Lusa, o vocalista padecia de cancro do fígado, doença que lhe fora diagnosticada há cinco meses.
Zé Leonel (na foto, entre Zé Pedro e Kalu) faleceu em sua casa, na Póvoa de Santa Iria, avançou à Lusa fonte da sua família.
O corpo de Zé Leonel ficará em câmara ardente hoje, 21 de abril, a partir do meio-dia, na Igreja da Póvoa de Santa Iria (Loures). O funeral realiza-se amanhã (22 de abril), às 10h da manhã, na mesma localidade.
Ainda este mês, o músico que fez parte dos Xutos & Pontapés entre 1978 e 1981 subiu ao palco com os Ex-Votos para um último concerto no Centro Cultural da Malaposta. Nesse espetáculo participou também Kalu, seu antigo companheiro dos Xutos & Pontapés.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Tantas Linguas o mesmo sentimento

Eu amo-te

Eu Te Amo
Inglês - I Love You
Francês - Je T'aime
Italiano - Ti amo
Espanhol - Te quiero
Africano - Ek het jou liefe
Albânio - Te dua
Alemão - Ich liebe dich
Árabe - Ana Behibak
Birmanês - Chit pa de
Boliviano - Qanta munani
Búlgaro - Obicham te
Cantonês - Moi oiy neya
Catalão - T"estim
Checo - Miluji te
Chinês - Ngo oi ney
Coreano - Tangsinul sarang ha yo
Croata - Ljubim te
Dinamarquês - Jeg elsker dig
Eslovaco - Lubim ta
Esloveno - Ljubim te
Esperanto- Mi amas vin
Finlandês - Mina rakastan sinua
Grego - S'ayapo
Holandês - Ik hou van jou
Japonês - Kimi o ai shiter

Tantas Linguas o mesmo sentimento

Eu amo-te

Eu Te Amo
Inglês - I Love You
Francês - Je T'aime
Italiano - Ti amo
Espanhol - Te quiero
Africano - Ek het jou liefe
Albânio - Te dua
Alemão - Ich liebe dich
Árabe - Ana Behibak
Birmanês - Chit pa de
Boliviano - Qanta munani
Búlgaro - Obicham te
Cantonês - Moi oiy neya
Catalão - T"estim
Checo - Miluji te
Chinês - Ngo oi ney
Coreano - Tangsinul sarang ha yo
Croata - Ljubim te
Dinamarquês - Jeg elsker dig
Eslovaco - Lubim ta
Esloveno - Ljubim te
Esperanto- Mi amas vin
Finlandês - Mina rakastan sinua
Grego - S'ayapo
Holandês - Ik hou van jou
Japonês - Kimi o ai shiter

Pink Floyd Reunion

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Esperanza Spalding

O Mahgreb

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O Mahgreb, bloco que agrega os países da África do Norte, do Saara e do Oeste do Nilo (Argélia, Líbia, Marrocos e Tunísia) partilha, além de diversos interesses políticos, a paixão por um tipo específico de música: a raï.

Sua origem remonta dos cheikh (velho) - poetas da tradição melhoun, de Oran, Argélia, que pregavam seus conselhos e sabedoria na forma de poesias cantadas - e vai desaguar na escapatória à moral islâmica mais severa, no início do século XX, permitindo inclusive às mulheres compor e cantarem livremente letras que exaltam, em enérgicas notas, o amor, a vida, o álcool e os prazeres da carne. No contexto popular o cantor também fala de suas desgraças, culpando sempre a si mesmo já que elas são geralmente causadas, em sua opinião, pelo desenfreio de seus comportamentos. A palavra então, que em sua origem, significa “opinião”, toma para si novo conceito tornando-se “discernimento”; a falta da raï, leva o poeta a tristes destinos.
Transformado em movimento musical, foi instrumento de resistência e mobilização contra as agruras da colonização e ditadura argelinas, fazendo emergir debates abertos sobre o direito de expressão demandada por sua temática provocativa e tanto libertária.
O ritmo encerra em si diversas influências que acompanham os movimentos de invasões e colonizações culturais estabelecidas na região: podemos encontrar traços da música judaica, francesa, hispânica e, obviamente, primordialmente árabe, através do estilo mais clássico al-andalous trazido do sul da região onde hoje é a espanha por volta de 1490.
A colonização francesa no século XIX popularizou ainda mais a raï: a sociedade empobrecida recorria com afinco aos cantares dos cheikhs e cheikhas para buscar em sua música, conforto, solidariedade e escape das dificuldades. Após a independência do país, o governo marxista suprimiu totalmente o ritmo.
A partir dos anos 60, a influência do rock, do soul e do reggae mudou completamente a face da raï: ao invés dos cheikh, entravam os cheb (jovem) que hoje utilizam, na mistura tradição-modernidade, instrumentos tradicionais e música eletrônica para produzir um ritmo inebrio-apaixonante-hipnótico, que circula livre pelo bloco Mahgreb agregando especificidades em cada região e que se destaca através de cantores como Cheb Khaled (personagem principal desta nova fase), Cheb Hasni, Cheb Faudel, Cheba Samira, Rachid Taha, DJ Nassim, Cheb Mami (que faz dueto com Sting na canção Desert Rose) e, recentemente, Cheba Djenet que marcou o filme Viva Argélia, de Nadir Moknèche, com sua Matejabdoulich; na película, a canção ajuda a desnudar os contrastes de um povo amante da vida e resistente aos violentos reveses de sua realidade política..
Para conhecer mais, vale uma visita atensiosa ao site Algerie Musique que disponibiliza albuns de raï (em tempo, o áudio de certas canções é tanto precário; toda compreensão é bem-vinda). Abaixo, Matejabdoulich, de Cheba Djenet.