sexta-feira, 30 de abril de 2010

LUA BRANCA

Ó lua que branca vagueia pelo céu,
Que nas minhas longas noites peregrinas,
Vai derramando em cascatas teu branco véu,
Cobrindo-me de prata entre os montes e as colinas.

Ó lua que branca ilumina e enfeita o céu,
Entre grandes planetas e estrelas pequeninas,
Tens a pureza transparente e doce do mel,
Destacando-se entre as flores das Campinas.

Ó lua que branca mora feliz lá no céu,
Mas, que ás vezes vagueias sozinha ao léu,
Por este mundo grandioso e sem fim.

Se encontrares por ai o meu querido bem,
Traga ela de volta são e salva para mim,
Porque viver sem ela não sou ninguém.

Jose Aparecido Botacini



PARADOXO

Quem disse que no mundo
Tudo acontece igualmente?
Nada é absolutamente exato
Entre o imaginário e o real.

Entre espaços desertos
Cujo sentido é nada,
Em constante paradoxo
Vou engolindo meus sapos.

Entre o que se sonhou
Ou o que se viveu
Sentidos opostos nos dias meus.

Cada ser existe e reage
Numa realidade paradoxal
Vivo e penso na vida de uma forma real.

MÁRCIA ROCHA




Estou tão sozinho

E eles nem a companhia da solidão me deixam ter
Estou tão cego
E eles nem o negro do interior me deixam ver
Nem que fosse só por um segundo
Gostava de ser perdido pelo mundo

Estou tão frio
E eles nem o calor do Inverno me deixam sentir
Estou tão triste
E eles nem da minha tristeza me deixam rir
Nem que fosse só para saber
Gostava de experimentar o que é morrer

Estou tão desesperado
E eles nem uma lágrima me deixam chorar
Estou tão farto de mortes
E eles nem com a minha vida me deixam acabar
Nem que fosse só um dia assim
Gostava de ser para ti o que tu és para mim





A primeira metade do século XX nos Estados Unidos da América foi bastante frutífera no que à música popular diz respeito. Tin Pan Alley que foi responsável pela criação de uma verdadeira indústria musical. Contudo, este impulso não se ficou por aqui: depois do famoso beco nova-iorquino sair de cena, os co-autores continuaram a desenvolver o chamado pop clássico americano, fazendo com que o período que vai desde 1920 até meados dos anos 60 se tornasse num período histórico na música popular americana.

Foi, efectivamente, nesta época que se assistiu ao advento de um novo tipo de música baseado nas estruturas simples e altamente trauteantes do Tin Pan Alley e influenciado pelo jazz, que nestas décadas conheceu os seus tempos áureos. Apesar de não existir um cancioneiro definitivo, considera-se que os grandes nomes da música destes 40 anos fazem parte da colecção do Great American Songbook, tal como as canções mais emblemáticas. Nomes como Irving Berlin, Harold Arlen, Hoagy Carmichael, Walter Donaldson e Cole Porter fazem parte deste conjunto de artistas e são responsáveis pela difusão do american way of life, já que estas músicas correram o mundo, levando aos 7 ventos a cultura americana .

Ao longo dos anos, muitos artistas reviveram estes clássicos, tais como Willie Nelson e Rod Stewart que lançaram álbuns exclusivamente dedicados a estas décadas da música. Também outros artistas mais contemporâneos têm versões retiradas do Great American Songbook: Rufus Wainwright, Morrissey ou Pat Benatar.

Tal como não existe um início marcado, tao pouco existe um final determinado das músicas que possam ser incluídas neste cancioneiro americano. Com o vingar do rock'n'roll nos anos 50, a música popular deixou de ser a tendência mais vincada, mas ainda nos dias de hoje existem cantores que podem ser integrados, mesmo que mais pelo seu estilo de música do que pela sua nacionalidade: entre eles estão o brasileiro António Carlos Jobim e o francês Michel Legrand.






quinta-feira, 29 de abril de 2010


Meu Signo

Nasci com o vento norte,
meu signo:o signo da morte.
Por estranha contradição
também o da recriação.
Meus planetas?-Marte e Plutão.
Dão-me força interior,
combatividade;
Enfrento a vida com frontalidade;
Cultivo a amizade, o amor,
a fraternidade;
Aprecio o sentimento de gratidão,
num mundo em degradação,
detesto a mediocridade;
Estranhas dualidades;
A inveja e a deslealdade.
Do Sol e da Lua,
vem-me a espontaniedade,
sensibilidade, alegria,
e muita melancolia.
"Tudo ou nada" é o meu lema.
Sou de extremos?Pois então!...
Sou do signo Escorpião!










quarta-feira, 28 de abril de 2010

FANTASIA SONHADA





FANTASIA SONHADA

Fantasia de um sonho irreal
Amar de maneira permanente,
O amor é mesmo uma chama
Que se apaga ao sabor do vento.

Cheio de incertezas dolorosas,
Desejos furtivos e apaixonados
Suave e lindo nos olhares
O amor persiste e morre na saudade.

O tempo infiel companheiro
Mata o amor e desperta o desejo,
Faz do amante parceiro ausente,
Sofrida vontade de fugir para sempre
Como todo amor que morre com o tempo.

A verdadeira fantasia humana
É viver um amor sem algemas,
No delírio sentidos numa cama
Preso no calor de um corpo em chamas.

MÁRCIA ROCHA

Django Reinhardt





A introdução da guitarra no jazz, inicialmente afastada do leque de instrumentos usados pelos intérpretes deste género musical, ocorreu com o aparecimento do quinteto do Hot Club de França, em 1934: Louis Vola (baixo), Roger Chaput (guitarra), Stéphane Grapelli (violino) e os irmãos Joseph e Django Reinhardt (guitarras) - uma formação exclusivamente de cordas e, de certo modo, inovadora. Os conceitos rythm-guitar, lead-guitar ou até mesmo a guitarra eléctrica nasceram aqui.

Ao contrário de Grapelli que teve uma vida longa e profícua, Django conheceu uma existência curta e amargurada. Belga, de etnia cigana, aprendeu bastante cedo a tocar violino, banjo e guitarra, por esta ordem. Aos 18 anos sofreu graves queimaduras num acidente que lhe paralisaram a perna direita e dois dedos da mão esquerda. Pensou-se que não voltaria a tocar; mas Django não só voltou a tocar como se revelou um virtuoso, usando apenas o indicador e o médio para fazer os seus solos. Morreu aos 43 anos, vitimado por um AVC. Viva Django!




Django Reinhardt







Fala Também Tu

Fala também tu,
fala em último lugar,
diz a tua sentença.

Fala —
Mas não separes o Não do Sim.
Dá à tua sentença igualmente o sentido:
dá-lhe a sombra.

Dá-lhe sombra bastante,
dá-lhe tanta
quanta exista à tua volta repartida entre
a meia-noite e o meio-dia e a meia-noite.

Olha em redor:
como tudo revive à tua volta! —
Pela morte! Revive!
Fala verdade quem diz sombra.

Mas agora reduz o lugar onde te encontras:
Para onde agora, oh despido de sombra, para onde?

Sobe. Tacteia no ar.
Tornas-te cada vez mais delgado, irreconhecível, subtil!
Mais subtil: um fio,
por onde a estrela quer descer:
para em baixo nadar, em baixo,
onde pode ver-se a cintilar: na ondulação
das palavras errantes.

Paul Celan, in "De Limiar em Limiar"






Se a Luz Tivesse Beiços

Se a luz tivesse beiços rir-se-ia
de quem fecha os olhos para ver
do claro dia apenas sombra e esquivando o perigo
de uma relação íntima com a dúvida

não ousou nunca
dar-lhe o braço, para não sentir
o corpo dela a enlaçar o seu, e provar-lhe
da carne o inesperado gosto.

Júlio Pomar, in "TRATAdoDITOeFEITO"








Poemas, Herman Melville
17 July 2009 1 Comentário
Estes Poemas de Herman Melville são uma selecção de três livros: Fragmentos de Batalha e Aspectos da Guerra, John Marr e Outros Marinheiros e Timoleon,etc, editados pela Assírio & Alvim.

Segundo Elizabeth, a filha, Herman Melville começou a escrever poesia em 1859, aos 40 anos de idade, replicando a fraca excitação do público perante livros como Moby Dick, ignorado à época, apesar de Melville ter conseguido obter algum sucesso com outros títulos.

Curioso que Mário Avelar, o responsável pela selecção e tradução, conclua a nota introdutória sugerindo que as suas traduções sejam sim, versões dos poemas. A edição é bilingue (o original Inglês é bem mais complexo), e o que contribuiu para que esta tradução competente seja apelidada de versão, é o desaparecimento quase total da rima.

Os poemas seleccionados, publicados entre 1866 e 1891 (ano da morte de Melville), são curtos, mas ainda assim os mais relevantes e exemplificativos da poesia de Herman Melville. Movimentam-se nas mesmas paisagens marítimas da outra obra do autor, bem como na própria vida deste.

O mar destes versos tem mais a ver com navios afundados no fundo do Oceano, do que com alvoradas em alto mar com céu azul. Nos poemas dos dois primeiros volumes, existem raízes profundas, francamente Americanas, dada a constante menção aos locais e intervenientes da Guerra Civil. Principalmente em poemas de Fragmentos (…), há um uso meticuloso de vocabulário científico, sendo que a tradução parece mais literata, de um original mais rude, de marujo, mas com uma construção que obedece ao pensamento e não à escrita

O lamento de Melville perante o desvanecer dos valores morais é sentido em todos os poemas, num canto saudoso e que lastima o presente, num autor que se viu rodeado de morte, nomeadamente teve de enterrar dois filhos a quem prevaleceu. A caminhar para o fim da vida, começou a perder o fulgor e o reconhecimento do público, apenas Fragmentos de Batalha e Aspectos da Guerra foi lançado sem ser em edição de autor, e, mesmo assim, apenas vendeu 468 cópias nos primeiros dois anos, de uma edição de 1260.

A única incongruência será a inclusão do último tomo de poemas, Timoleon, etc, de inspiração Grega, mais celestial, com mais luz nos versos, uma esperança que Herman Melville parecia conquistar à medida que a hora da morte se aproximava.

Uma versão leve da obra poética de Melville, que funciona como um bom campo de entrada para descobrir mais do autor, bem como actualiza a memória deste, num país com fortes tradições em poesia de influência marítima.

“Shiloh”

(Abril de 1862)

Flutuando levemente, descrevendo círculos,
Pairam as andorinhas
Sobre o campo em dias nublados,
O campo da floresta em Shiloh-
Sobre o campo onde a chuva de Abril
Confortou corpos ressequidos em sofrimento
Ao longo da pausa da noite
Após o combate de domingo
Em torno da igreja de Shiloh-
A igreja solitária, de troncos feita,
Que para tantos ecoou lamentos de despedida
E sinceras preces
De adversários moribundos ali se confundiram -
Adversários ao amanhecer, amigos ao crepúsculo-
Fama ou país pouco lhes importa:
(Tal como uma bala pode enganar!)
Mas agora no solo jazem
Enquanto as andorinhas sobre eles flutuam,
E o silêncio se instala em Shiloh.


De todas as obras de Kafka esta é aquela em que mais nitidamente o autor consegue aliar o obscuro ao real. Caricatura do real? Talvez. Mas mais do que isso, é uma história que leva ao extremo a angustia de um homem perdido num mundo aparentemente irreal em que está inserido. A existência de Joseph K. transforma-se numa procura desesperada de conhecimento e compreensão da vida que alguém lhe destinou. Angustiante. Deprimente. Real.
Em O Processo estamos perante uma das mais comuns e significativas razões da angustia humana: a necessidade de conhecer e compreender; o desespero provocado pela ignorância, quando esta coabita com a necessidade do conhecimento. Mas este é apenas o ponto de partida!
O Processo retrata o desajuste entre o ser humano, entendido na sua dimensão individual, e um Estado totalitário, impessoal, que paira num universo desconhecido, longínquo…
Franz Kafka é o escritor do “absurdo”, como o tinha sido Dostoievsky, como seria Camus. Mas o absurdo de Kafka, ao contrário do filósofo francês, é um absurdo transcendental; reside na incomunicabilidade do homem com o homem, formando uma trama de relações pessoais sem sentido, impostas por circunstâncias alheias ao homem. Joseph K. não consegue chegar até à justiça, que, lentamente, se transforma numa entidade misteriosa e quase irreal. Joseph não compreende a justiça. Nem os homens, nem Deus. O absurdo está na ausência de compreensão mas ela deriva da ausência de comunicação. Daí o desespero, a solidão e o absurdo que cobre o mundo dos homens.
A culpa de Joseph é a sua existência; única resposta possível para a angustia do desconhecimento da acusação. É o culminar de uma espiral de desespero que revela uma visão dolorida da alma humana e, acima de tudo, da sociedade humana.

Solar City Tower - a torre das olimpíadas de 2016



Solar City Tower - a torre das olimpíadas de 2016





O desafio passou por conceber uma estrutura vertical localizada na ilha de Cotonduba que, além de ter a função de torre de observação, se torne num símbolo de boas-vindas para quem chegar ao Rio de Janeiro por via aérea ou marítima, uma vez que esta será a cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos de 2016.

Projectada pelo gabinete RAFAA, sedeado em Zurique, na Suíça, e denominada «Solar City Tower», esta estrutura foi escolhida como a resposta adequada à proposta inicial e tem a potencialidade de gerar energia suficiente não só para a aldeia olímpica, como para parte da cidade do Rio.

A sua concepção permite-lhe aproveitar a energia solar diurna através de painés localizados ao nível do solo, ao mesmo tempo que a energia excessiva produzida é canalizada para bombear água do mar pelo interior da torre, produzindo um efeito de queda de água no exterior. Esta água é simultaneamente reaproveitada através de turbinas com o objectivo de produzir energia durante o período nocturno.


Estas características permitem atribuir o epíteto de torre sustentável a este projecto, dando continuidade a alguns dos pressupostos do «United Nation´s Earth Summit» de 1992, que ocorreu igualmente no Rio de Janeiro, contribuíndo para fomentar junto dos habitantes da cidade a utilização dos recursos naturais para a produção de energia.



A Solar City Tower engloba ainda outras funcionalidades. Anfiteatro, auditório, cafetaria e lojas são acessíveis no piso térreo, a partir do qual se acede igualmente ao elevador público que conduzirá os visitantes a vários observatórios, assim como a uma plataforma retráctil para a prática de bungee jumping.

No cimo da torre é possível apreciar toda a paisagem que circunda a ilha onde estará implementada, bem como a queda de água gerada por todo o sistema que integra a Solar City Tower, tornando-a num ponto de referência dos Jogos Olímpicos de 2016 e da cidade do Rio de Janeiro.









Todas as imagens são propriedade da RAFAA, cedidas para utilização exclusiva na obvious.


Márcia Rocha - Sou nascida em Ubá, cidade da Zona da Mata, Minas Gerais, terra de Ary Barroso, filha única com apenas um irmão, onde vivo até hoje. Três filhos, mãe adolescente, casada durante 22 anos, hoje solteira. Três netos , duas meninas e um menino.
Sou formada em Pedagogia, com habilitação em Orientação Educacional/Pessoal. Eduquei e formei meus filhos praticamente sozinha. Olhei meus pais até que se foram. Hoje vivo só. Mulher delicada de corpo e forte de alma. Meus filhos são independentes e todos três formados.

Comecei a escrever dia 30 de setembro de 2008. Não me considero poeta. Sou apenas uma aprendiz. Entrei há pouco tempo no mundo virtual, cresci depressa demais. Tenho ainda muito a aprender. Comecei escrevendo em comunidades, como a do Vinícius de Morais. Sempre gostei de crônicas, e sempre tive muita facilidade para externar o que penso. Fui ficando conhecida e daí para escrever poesias foi um pulo. Começaram a me adicionar nas comunidades e os poetas de renome foram entrando na minha página de orkut. Escrevo sem rascunhar, direto, na primeira comunidade que me convidou. Da Claudinha Duarte, Comunidade dos Amigos. De lá vou distribuindo para as outras que me chamam. Posto no Recanto Das Letras todos os dias.

Meus autores preferidos são: Neruda, Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Florbela Espanca, J.G. de Araújo Jorge, Rubem Alves, Vinícius de Morais, e,não podendo enumerar todos, quero deixar registrado, que no Brasil existem poetas maravilhosos!

Esta sou eu: Mulher guerreira, terna, amiga, alegre e sofrida. Mãe, amiga e avó dos meus lindos netos. Sinto muita saudade dos meus pais e dos meus filhos crianças, que cresceram junto comigo. Da casa barulhenta das brincadeiras das crianças, do amor pairando no ar. De um abraço, de um amigo, de um amor...

Escrever para mim não tem mistério. É só deixar o coração falar e transpor para a tela fria do computador, que esquenta com a minha emoção. Sou solitária, independente e muito forte... E isso meu bem, sem dizer que sou pura emoção!



ALVORADA NO MAR

Alvorecer que cobre de cores o mar que amo,
brilho na superfície da calmaria das águas,
profundo e belo em tua imponência
amores que se fundem na madrugada.

Amantes que se banham de beleza,
vida que prolifera dentro da tua profundeza
Amor que nasce feliz no calor da areia
sensação de renascer no seio da natureza.

Mar que me esquenta com tua essência
me toma e me deixa morena faceira
ondas que me despem e me possuem,
sinto tua força me tomando inteira.

Me leve contigo nos barcos de amantes,
me beija e me toca me deixando presa,
no cais que penetra tuas águas soberbas,
com ondas gigantes no fim do amor
no fervor do gozo que me ganha inteira.

Márcia Rocha











terça-feira, 27 de abril de 2010




I think this is their best song.
Lyrics:

When I was back there in seminary school, there was a person there
Who put forth the proposition, that you can petition the lord with prayer
Petition the lord with prayer, petition the lord with prayer
You cannot petition the lord with prayer!
Can you give me sanctuary, I must find a place to hide, a place for me to hide
Can you find me soft asylum, I cant make it anymore, the man is at the door
Peppermint, miniskirts, chocolate candy, champion sax and a girl named .....

Primeiro dia




Sérgio Godinho : Primeiro dia [Pano cru, 1978]
A princípio é simples anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se no silêncio e no burburinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que leva a peito
bebe-se come-se e alguém nos diz bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Depois vem cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Sérgio Godinho

Sharon Isbin

segunda-feira, 26 de abril de 2010





Um palíndromo, como devem saber, é uma palavra ou um número que se lê da mesma maneira nos dois sentidos - normalmente, da esquerda para a direita ou ao contrário, da direita para a esquerda. Exemplos: OVO, OSSO, RADAR. O mesmo se aplica às frases, embora a coincidência seja tanto mais difícil de conseguir quanto maior a frase; é o caso do conhecido SOCORRAM-ME, SUBI NO ÓNIBUS EM MARROCOS, que foi o que sucedeu à nossa amiga Tajana. Perante o vosso interesse pelo assunto (confessem que foram todos ler a frase de trás para a frente, vá lá) tomámos a liberdade de seleccionar alguns dos melhores palíndromos da língua de Camões...

ANOTARAM A DATA DA MARATONA

ASSIM A AIA IA A MISSA

A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA

A DROGA DA GORDA

A MALA NADA NA LAMA

A TORRE DA DERROTA

LUZA ROCELINA, A NAMORADA DO MANUEL, LEU NA MODA DA ROMANA: ANIL É COR AZUL

O CÉU SUECO

O GALO AMA O LAGO

O LOBO AMA O BOLO

O ROMANO ACATA AMORES A DAMAS AMADAS E ROMA ATACA O NAMORO

RIR, O BREVE VERBO RIR

SAIRAM O TIO E OITO MARIAS

ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ


Aprendi português na escola, mas a intimidade começou a forjar-se antes, nos discos de José Afonso. E nos de José Mário Branco, Fausto Bordalo Dias, Sérgio Godinho, Chico Buarque. Mas primeiro, antes de eu saber dizer os nomes e distinguir uns dos outros, música em português era Zeca.

Eu era muito criança e não tinha aquela profundidade toda, nem noções de tragédia ou de glória, nem uma ligação relevante à memória do meu país. A revolução, o mundo e eu a começar éramos uma e a mesma coisa. O Alentejo largo, tórrido ou gelado consoante os meses, os vários cheiros da terra, a alegria com que todas as pessoas à minha volta recomeçavam nos dias novos, limpos do cheiro a mofo do salazarismo e, no Verão, as canções e as guitarras, o mar, a minha mãe.




Em casa havia música e os despertadores de fim-de-semana eram os discos do Zeca, que nos arrancavam ao sono a partir da sala. Outras vezes, noite avançada, eu adormecia nos concertos, que naquela época eram também um pouco comícios.

A música ouvia-a com os dias, nos dias. As letras animavam-me ou entristeciam-me, punham-me a dançar, a pensar e a fazer perguntas. Nas respostas vinham outras perguntas, histórias do meu país e mais música, tudo em peças para montar, mais ou menos como nos legos, que eu ia fazendo enquanto ouvia as canções.

Os anos passaram, a música foi fazendo sentido. Quando fiz dez anos, passei a poder a usar o gira-discos da sala das refeições, tecnologia intermédia entre o gira-discos de malinha do meu quarto, quase um brinquedo, e a aparelhagem a sério da sala de estar. Com essa permissão, veio o acesso aos discos dos meus pais.




Foi então que descobri Zeca Afonso por minha iniciativa, sozinha, consciente. Durante os meses do Outono, quando não tinha aulas à tarde, punha um disco a tocar, sentava-me à mesa com o álbum aberto e um dicionário. Ali estava a primeira música que tinha conhecido e eu capaz de perceber e de me entusiasmar. Os dias escureciam, as palavras abriam-se, o mundo crescia, e eu não queria ter outro país, nunca mais quis.

A variedade da música, no tempo que veio depois, tem servido para perceber o quanto a música de Zeca é, antes dos poemas sem medo que encheram os portugueses de coragem e esperança, música grande, da melhor que posso ouvir em qualquer lugar do mundo. Continuo a ouvi-lo porque não saberia deixar de o fazer e continuo a ouvi-lo porque tudo o que peço à música está em Zeca. E às vezes regresso intensamente para o redescobrir. Zeca é a fonte essencial do meu ânimo, a água mais pura que conheço. Quando os meus regressos à sua música e aos seus poemas terminam, percebo que estou afinada, reequilibrada, outra vez no lugar, que já não me vou perder durante algum tempo. O meu país é esta música.






Numa época difícil e histórica, onde imperava o fascismo, Annemarie Schwarzenbach, foi mulher, escritora, jornalista e fotógrafa. Escolheu viver uma vida repleta de aventuras e perigos, desafiando-se a si própria, retratando o mundo, descrevendo o que vivia e o que sentia.

"Não tenho profissão. Poderia exercer qualquer uma. Viver em todas as cidades. Sentir-me em casa em todos os países." Sede de viagens, perigo, luta contra os ideais fascistas, foram uma constante no seu percurso de vida.

Annemarie Schwarzenbach, nasceu em Zurique a 23 de Maio de 1908. Proveniente de uma família abastada e conservadora, frequentou escolas particulares, explorou a vertente artística musical e, mais tarde, veio a obter o doutoramento em história pela Universidade de Zurique.

Rompeu a regra e fez parte do grupo das primeiras mulheres a obter este estatuto Universitário. Descobriu cedo a sua vocação para a escrita, tendo publicado o seu primeiro romance, "Um Bernhard Freunde", mal terminou os estudos. Ao dom da palavra escrita juntou-se a profissão de Jornalista que iniciou ainda enquanto estudava.

A vida de Annemarie, foi recheada de conflitos interiores e descobertas. Numa época em que se propagava a ideologia Nazi e Fascista, criou amizade com Judeus e refugiados políticos Alemães, entrando em conflito com a ideologia da própria família.


USA, Nov. a Dez de 1937

Assume-se como lésbica, atraindo no entanto homens e mulheres, devido ao seu estilo de vida invulgar e sentido de risco que a caracterizavam. Em Berlim, na companhia de Klaus Mann, seu grande amigo, Annemarie adopta um estilo de vida boémio. Círculos artísticos, contacto com drogas, estados de embriagues frequentes, faziam parte da sua vida nocturna, vivendo perigosamente e tornando-se, mais tarde, toxicodependente.

Ao longo da sua breve vida (1908-1942), Annemarie Schwarzenbach, efectuou numerosas reportagens fotográficas pela Europa, Médio Oriente (Irão, Iraque e Afeganistão), África e América do Norte, destacando-se a sua passagem por Lisboa durante o Estado Novo.


Afeganistão, 1939-1940

As suas reportagens fotográficas, textos jornalísticos e literários, desempenharam a função de nos permitir entender o que era o mundo entre as duas Grandes Guerras. Foi-nos deixado todo um legado de imagens reais e estados de alma genuínos. Muito da personalidade de Annemarie consta nas suas obras, como por exemplo, A morte na pérsia, obra que escreveu após ter enfrentado o isolamento no seu percurso pelo país.


Durante o seu percurso de vida casou com um amigo homossexual apenas por conveniência, e viveu algumas relações com mulheres, que resultaram em relações falhadas, sobretudo devido à sua dependência em relação às drogas. Travou lutas constantes contra a toxicodependência e contra a depressão. As viagens, assumiam uma forma de escape, e a fotografia e a escrita uma forma de entrega pessoal para com o mundo.

Annemarie Schwarzenbach morre em 1942, vítima de uma queda e de um diagnóstico equivocado. Deixou-nos um legado de imagens e textos literários que nos enchem a alma, um testemunho de vida surpreendente, recheado de coragem, e uma visão histórica de épocas difíceis de serem vividas.

"Só me meti a caminho para aprender o terror." Annemarie Schwarzenbach, O Vale Feliz





Calçada de Carriche

Luísa sobe,

sobe a calçada,

sobe e não pode

que vai cansada.

Sobe, Luísa,

Luísa, sobe,

sobe que sobe

sobe a calçada.

Saiu de casa

de madrugada;

regressa a casa

é já noite fechada.

Na mão grosseira,

de pele queimada,

leva a lancheira

desengonçada.

Anda, Luísa,

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.



Luísa é nova,

desenxovalhada,

tem perna gorda,

bem torneada.

Ferve-lhe o sangue

de afogueada;

saltam-lhe os peitos

na caminhada.

Anda, Luísa.

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.



Passam magalas,

rapaziada,

palpam-lhe as coxas

não dá por nada.

Anda, Luísa,

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.



Chegou a casa

não disse nada.

Pegou na filha,

deu-lhe a mamada;

bebeu a sopa

numa golada;

lavou a loiça,

varreu a escada;

deu jeito à casa

desarranjada;

coseu a roupa

já remendada;

despiu-se à pressa,

desinteressada;

caiu na cama

de uma assentada;

chegou o homem,

viu-a deitada;

serviu-se dela,

não deu por nada.

Anda, Luísa.

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.

Na manhã débil,

sem alvorada,

salta da cama,

desembestada;

puxa da filha,

dá-lhe a mamada;

veste-se à pressa,

desengonçada;

anda, ciranda,

desaustinada;

range o soalho

a cada passada,

salta para a rua,

corre açodada,

galga o passeio,

desce o passeio,

desce a calçada,

chega à oficina

à hora marcada,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga;

toca a sineta

na hora aprazada,

corre à cantina,

volta à toada,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga.

Regressa a casa

é já noite fechada.

Luísa arqueja

pela calçada.

Anda, Luísa,

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada,

sobe que sobe,

sobe a calçada,

sobe que sobe,

sobe a calçada.

Anda, Luísa,

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.

António Gedeão

Poesias Completas (1956-1967)


Sobre os seus impressionantes 100 anos de vida, completos este mês, o arquiteto Oscar Niemeyer desconversa: “é uma bobagem!”. A profusão de artigos, revistas, publicações e matérias para a TV poderiam até nos deixam pouco a dizer; mas a vida e obra do homem que se dedica há 70 anos a uma arquitetura - de extrapolação dos limites da forma e da função para invadir a poesia e a humanidade - consegue ainda ser uma força profusa do gênio e da pessoa por trás e entre as linhas.

Dono de uma personalidade doce e incisiva, características aprofundadas pela sabedoria do tempo, a história do artista fluminense intercruza-se com a da política, da literatura, da fotografia e das artes plásticas nacionais em momentos que já estão sob o domínio de todos, do intelectual ao popular. O que mais toca é mesmo isso: a figura universalizada do homem, suas palavras, convicções e filosofias, seu senso de pertença à vida. E foi justamente esse o elemento chave das comemorações que ocorreram neste último 15 de Dezembro na casa que ele próprio projetou, em 1952, na Estrada das Canoas, Rio de Janeiro. Concedeu entrevista, foi disputado pela imprensa e fumou charutos. Não assoprou as 100 velinhas por achar o bolo, que tinha o formato do MAC, cafona. Num arroubo de modéstia, disse ser uma pessoa normal: “não sei porquê durei tanto” para, em seguida, completar gabando-se: “cento e dez é fácil!”.

Na falta das palavras certas e no medo de me tornar repetitiva, selecionei aqui uns trechos do encontro armado pela revista Bravo! em 1997: os poetas Ferreira Gullar e Bruno Tolentino em conversa ao redor do arquiteto centenário no escritório da Avenida Atlântica entre muita fumaça e cafeína.

Gullar: Essa foto de Luis Carlos Prestes, sobre a sua mesa, de 1935, é da época da Intentona Comunista
Tolentino: Ele tem um ar lírico, hollywoodiano...
Niemeyer: É, ele tinha acabado de levar um soco na cara. Assim que saiu de cana! (risos)
Tolentino: Eu queria que você falasse sobre as relações entre as várias formas de arte.
Niemeyer: Acabei de fazer o Memorial da Coluna Prestes... (estende o desenho). Eu queria incorporar uma estátua do Prestes, que era um sujeito frágil, e o escultor me saiu com um homenzarrão desse tamanho! Eu sempre quis misturar as artes, como na Renascença. Na Pampulha, chamei o (Cândido) Portinari, o (Alfredo) Ceschiatti, os azulejistas... O Juscelino, prefeito de Belo Horizonte, já era como aqueles príncipes do Renascimento. Se tivesse tido mais tempo em Brasília, ia mandar pôr afrescos naquilo tudo, e eu ia apoiar...



Gullar: Mas a responsabilidade é do purismo da arquitetura. A coisa moderna teve uma tendência a excluir. Veio a idéia de que bonito era aquela parede pura, sozinha...
Niemeyer: E é! Mas adoro paredes pintadas, tetos com afrescos...
(...)
Gullar: (...) Quando você começou, naquele período, como andava a arquitetura brasileira, o que é que existia?
Niemeyer: Olha, havia uns grupos, três ou quatro, não sei, que já trabalhavam na base daquelas influências... na linha do Corbusier. Levávamos tudo aquilo a sério, como um catecismo. Mas ainda não havíamos “sentido” a essência da obra dele. Para mim, a verdadeira influência veio de conversar com ele... Quando ele me disse: “Arquitetura é invenção!”. Essa palavra... bem... foi uma coisa muito importante para mim.
(...)
Gullar: Como é que nasce a inspiração para um projeto assim? [referem-se ao esboço da Catedral de Niterói]
Niemeyer: Tomo conhecimento do programa, do lugar, do orçamento. Aí deixo a idéia ir buscar a invenção. Então, de desenho em desenho... O fantástico é simples. Quando desenhei o bastante para configurar o projeto, ponho-me a escrevê-lo; se encontro qualquer dificuldade em deixar claro o que inventei, algo está falho no projeto, e eu volto ao desenho.
Gullar: Então é escrevendo que você entende o que fez? A linguagem é assim tão importante?
Niemeyer: Tudo é linguagem...No Museu de Niterói, por exemplo, a coisa “falava”: um promontório, um pequeno orçamento, tudo dizia: simplicidade... fiz um cogumelo branco com um lago em torno e o mar lá embaixo...




(Niemeyer saca um papel de uma gaveta e hesita...) Audácia minha mostrar isso a dois poetas. Não é poesia não, gente, é uma bobagem que eu rabisquei em Argel... (Gullar confisca-lhe o papel e lê em voz alta)
Gullar: Estou longe de tudo,
de tudo o que eu gosto,
da terra tão linda
que me viu nascer.
Um dia eu me queimo,
meto o pé na estrada,
é aí no Brasil
que eu quero viver;
cada um no seu canto,
cada um sob um teto
a brincar com os amigos,
vendo o tempo correr.
Quero olhar as estrelas,
quero sentir a vida,
é aí no Brasil
que eu quero viver.
Estou puto da vida
(essa gripe não passa!)
de ouvir tanta besteira,
não me posso conter.
Um dia eu me queimo
e largo tudo isto,
isto aqui não me serve,
não me serve de nada,
a decisão está tomada,
ninguém vai me deter.
Que se dane o trabalho
e este mundo de merda,
é aí no Brasil
que eu quero viver!
Gullar: Exílio é isso: estou aqui e meu lugar é lá, o sujeito explode!
Tolentino: Agora o Niemeyer me sai com um poema! (...) E o que é aproveitar a vida?
Niemeyer: É o contrário do egoísmo. É Cuba, o risco, o sonho... O egoísmo mata, apequena. Empobrece tudo. É a verdadeira pobreza. O homem nasce e morre, tudo começa e acaba. O chato mesmo é não saber como vai acabar...

sexta-feira, 23 de abril de 2010



É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.


Eugénio de Andrade,

J. Krishnamurti




A lua rubra, rubra surgiu

Dos lados do Oriente, sobre o mar sonhador.

A sombria palmeira balança

Com o tombar da noite calma.

Ouve-se o grito distante de uma ave

Em vôo para o ninho.

Há o suave encrespar das águas frias

Batendo as praias cálidas.




Um coração carregado

De alegria pungente, quase dor.

Um coração de entendimento me é mister.




Um canto melodioso

Suave qual lamento

Vem das profundezas da sombra.

O ar tranqüilo da noite fica opresso.




Como a luz distante que tremula

Na torre escura do templo,

Por cima dos fiéis

E de suas preces sussurrantes,

Muito acima dos deuses silenciosos

Entre as suas moradias nevoentas,

Assim eu me tornei

Livre da mão que me empolgava,

Conquistador de tempos dolorosos

E de suas tristes vias.




Amigo,

Deixa de lado as complicações das crenças

Destrói as monumentais superstições

Do credo que te escraviza.

Porém, cresce na singeleza de teu coração,

Nas sombras do teu sofrimento.




Ó Bem Amado,

Meu coração pesa com teu amor.





miles davis



A UNIÃO SIMPLES

J. Krishnamurti




Escuta-me, Oh! Amigo

Sejas Yogi, ou Sacerdote ou Monge,

Um devoto amante de teu Deus,

Um peregrino em busca da ventura,

Banhando-te nos Santos Rios,

Freqüentando os Sacros altares,

O ocasional cultuador de um dia,

Um grande ledor de livros,

Ou um construtor de muitos templos;

Meu amor dói-me por ti,

Eu sei o caminho para o coração do Bem Amado.




Esta luta vã,

Este longo afã,

Esta tristeza intérmina,

Este prazer cambiante,

Esta dúvida que queima,

Este prezar da vida,

Tudo isso cessará, oh! Amigo.

Meu amor doi-me por ti.

Eu sei o caminho para o coração do Bem Amado.




Peregrinei pela terra,

Amei os reflexos,

Cantei, entoando em êxtase.

Cobri a fronte de cinzas,

Ouvi os sinos dos templos,

Envelheci no estudo,

Procurei.

Perdi-me?

Oh! sim, muito aprendi.

Meu amor doi-me por ti,

Eu sei o caminho para o coração do Bem Amado.




Amigo,

Amarás os reflexos

Quando eu posso propiciar-te a realidade?

Lança fora teus sinos, teu incenso,

Teus temores e deuses,

Põe de lado teus credos e filosofias.

Vem, põe de lado tudo isso.

Eu sei o caminho para o coração do Bem Amado.




Amigo,

A simples união é a melhor.

Este é o caminho para o coração do Bem Amado.





Eu Não Sou Poeta


Quem me dera saber
Fazer versos, rimar
Para um dia escrever
Que tu és a mulher que eu quero amar

Quem me dera fazer poesia
Inspirada na minha paixão
Inventar sofrimento, agonia,
Um amor de Platão

Quem me dera chamar-te de musa
Em sonetos e coisas que tais
Uma escrita solene e confusa
Com palavras a mais


Mas seu eu fosse poeta dotado
Ou se ao menos julgasse que sim
Falaria com um ar afectado
Aprenderia Latim

Só faria canções eruditas
E se as ditas ninguém entendesse
Rematava com frases bonitas
P'ro que desse e viesse



"Morte do Leiteiro".

Há pouco leite no país
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.

Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
Sua lata, suas garrafas,
seus sapatos de borracha
vão dizendo aos homens no sono
que alguém acordou cedinho
e veio do último subúrbio
trazer o leite mais frio
e mais alvo da melhor vaca
para todos criarem força
na luta brava da cidade.

Na mão a garrafa branca
não tem tempo de dizer
as coisas que lhe atribuo
nem o moço leiteiro ignaro.
morador na Rua Namur,
empregado no entreposto
Com 21 anos de idade,
sabe lá o que seja impulso
de humana compreensão.
E já que tem pressa, o corpo
vai deixando à beira das casas
uma pequena mercadoria.

E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro...
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.

Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.

Mas este entrou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.

Mas o homem perdeu o sono
de todo, e foge pra rua.
Meu Deus, matei um inocente.
Bala que mata gatuno
também serve pra furtar
a vida de nosso irmão.
Quem quiser que chame médico,
polícia não bota a mão
neste filho de meu pai.
Está salva a propriedade.
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.

Da garrafa estilhaçada.
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.
ESCRITO NO MEU SONHO POR W. C. WILLIAMS


"Já que você
carrega
uma
conhecida
verdade
Mais
conhecida como
Desejo
Pra quê
vesti-la de
adornos
ou torcê-la até
ficar
sob medida
para ser
entendida?
Arrisque-se -
Nariz
olhos orelhas
língua
sexo e
cérebro
atirados ao
público
Confie
no seu
próprio
taco
Escute
você mesmo
Fale com
você mesmo
e outros
o farão
felizes,
aliviados
de um fardo -
seu próprio
pensar
e pesar.
O que era
Desejo
terá ainda
mais brilho."


Allen Ginsberg

quinta-feira, 22 de abril de 2010

AMOR SILENCIOSO

Existem acontecimentos,
que a ninguém proclamo,
em nenhum momento.
Jamais conto que eu te amo,
de um modo muito diferente,
total e paciente.
e que, de nada reclamo.

Também nunca digo
que alguma vez tenha ficado,
assim como estou contigo,
totalmente apaixonado.
E que venho me mantendo,
sempre querendo
tua permanência a meu lado.

Que fico aguardando,
dizeres as palavras certas,
do jeito que acabas falando,
nas horas mais incertas.
do um modo gentil e carinhoso,
quando com teus braços amorosos,
deliciosamente me apertas.

Agora, finalmente,
eu preciso também dizer,
que quando estou contigo,
faço tudo como sempre quis fazer.
e pretendo a teu lado ficar.
Não posso sequer imaginar,
algo diferente disso, ocorrer.

Marco Orsi

Fernando Pessoa

Entre o sono e sonho,

Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre -
Esse rio sem fim.

-

-
A verdade é aquilo que todo o homem precisa para viver e que ele não pode obter nem adquirir de ninguém. Todo o homem deve extraí-la sempre nova do seu próprio íntimo, caso contrário ele arruina-se. Viver sem verdade é impossível. A verdade é talvez a própria vida.

Franz Kafka, in 'Conversas com Kafka'



Moleskine é simplesmente um notebook de capas pretas envolvido por um elástico, que foi utilizado por diversos artistas e intelectuais. Desde Van Gogh, Matisse, Céline a Hemingway, todos perpetuaram suas notas num Moleskine e através dele moldaram a cultura que herdamos.

De uma forma ou de outra, nos dias que correm várias pessoas usam este notebook, quer pela utilidade, quer pelo fascino da marca, ou talvez com a vã esperança da inspiração divina. Não contesto de forma alguma o Moleskine, pelo contrário, acho-o extremamente elegante, prático e com uma óptima qualidade. O que considero verdadeiramente hilariante é vê-lo nas mãos de pessoas que não o usam, mas passeiam-no simplesmente pelo facto de se julgarem mais eruditos por andarem com um. Assim, como quem não quer a coisa, sempre se pode dar uma de intelectual e dizer que foi o notebook de Ernest Hemingway - sempre fica bem, não?

Durante um período da minha vida, usei Moleskine - falarei sobre isto oportunamente - mas actualmente, para que conste - chamem-lhe rebeldia - prefiro o papel de 100gr de um Winsor & Newtow. Uma fase, talvez.




O homem não é mais do que a sua imagem. Os filósofos bem podem explicar-nos que a opinião do mundo pouco conta e que só importa aquilo que somos. Mas os filósofos não percebem nada. Enquanto vivermos entre os seres humanos, seremos aquilo que os seres humanos considerarem que somos. Passamos por velhacos ou manhosos quando não paramos de perguntar a nós próprios como nos vêem os outros, quando nos esforçamos por ser o mais simpáticos possível. Mas entre o meu eu e o do outro, existirá algum contacto directo, sem a mediação dos olhos? Será pensável o amor sem uma perseguição angustiada da nossa própria imagem no pensamento da pessoa amada? Quando deixamos de nos preocupar com a maneira como o outro nos vê, deixamos de o amar.

Milan Kundera, in "A Imortalidade"

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Brasil A Beira De Uma Guerra Civil

Por: Ruben Zevallos Jr.


Da mesma forma que na França, quando aconteceu que queda da Bastilha e por em seguida a queda do regime monárquico, o Brasil está vivendo uma fase semelhante, mas não somente pela insatisfação do povo devido a falta de caráter dos governantes e sim, devido a falta de interesse de ambos os lados.

O povo
Aqui no Brasil, poucos são os que de fato procuram estudar, trabalhar e ter uma vida justa... quase a totalidade dos brasileiros, está metido em algum esquema e se não está, foi só por falta de oportunidade. Não sou limpo, pois, já foi levado a tais coisas muito tempo atrás, mas, já passou.

O Brasil, como todos falamos, principalmente em mesas de bar, é um país maravilho. De clima ameno, não temos neve, furações, vulcões e desertos. Nossas terras são férteis, nossos rios caldalosos, a chuva é constante, a fauna exuberante e vasta... esse é o Brasil definido por Pedro Álvares Cabral, na sua descoberta e continua o mesmo... o nosso Brasilzão... grande e forte, mas até quando?

O Brasil, já foi alvo de saques... iniciado pelos Portugueses, que levaram boa parte das riquezas... foram esmeraldas, diamantes, ouro e até madeira, cacau, café e açucar... depois, na república, nós, os próprios brasileiros, continuamos o saque, entregando o resto que tínhamos a banana para os grandes paises.

O Brasil aceitou ou forçou, muitas imigrações, que depois do Portugueses, vieram os negros, italianos, alemães, japoneses, chineses e tantos outros que hoje fazem parte do que já foi o sonho de Alexandre o Grande, uma grande miscigenação de raças e culturas.

Mesmo, neste país rico, o Brasil, talvez por falta de visão dos governos e depois, por falta de interesse do povo, esquece, que esta é a sua terra e por ela, devemos lutar.

O governo
Na época do Império, os governantes, nada mais queiram que juntar riquezas, para um dia leva-las para Portugal... ou, queriam, ter um reino rico, como tal, mas, sem aquela pomba que somente a Europa tinha no século IXX... pois para se ter uma corte pomposa, precisaria se ter um povo também rico, mas isso não era desejado...

Depois de República, que até hoje não se sabe como e porque aconteceu, o Brasil iniciou-se uma nova fase... pelo pouco que sei da história, veja que pouco o Brasil mudou, pouco, pela mão dos próprios governantes, pois, pelo pouco que também sei, até a década de 30, foram os barões do café, cacau e açúcar, muitos dos quais viraram empresários, que fizeram este país crescer... mas, ainda com pensamentos da época da escravatura... mas, pelas fotos, se pode dizer que São Paulo e o Rio de Janeiro dessa época, exibia uma certa exuberância e apelo de civilizado.

Depois de Getúlio, quando se implementaram várias leis, inclusive as trabalhistas, que o Brasil também mudou e para melhor, mas, não foi uma mudança preparada e sim uma mudança decretada... o governo precisava dar meios para que o empresariado pudesse crescer, bem como a população, pudesse entender as mudanças.

O Brasil, é um país que sempre faltou de infra-estrutura... é um pais que até pouco tempo, era interligado por estradas de chão, os asfalto, só nos grandes centros. A ferrovia, que mudou o velho e novo mundo (leia-se, Estados Unidos a América), no Brasil, nunca vingou... tanto, que vemos pinguelas, postes e muitas coisas feitas de trilhos de trem, que trêns ligando os confins deste grande pais.

Para que um país possa crescer, precisamos sempre que algumas coisas sejam feitas, que são:
- Sustento: Meios como que o cidadão possa se alimentar e a sua família.
- Educação: Meios para que se tenha acesso à Educação de qualidade e que esta seja continuada.
- Saúde: Meios para que se possa ter a sua saúde assistida, não somente quando estiver doente.

Não estou pegando idéias do atul presidente Lula, que diz, que o povo Brasileiro, precisa ter comida no seu prato para poder trabalhar, estudar e pensar na sua saúde.

Hoje, o governo Brasileiro, está dando meios para que milhões de Brasileiros possa ter pelo menos uma parte ou até a totalidade dos 3 itens acima, mas a troca de que?

A troca
Quando você trabalha, você recebe em troca, a remuneração acertada. Quando você estuda, se esforça e faz uma prova, você recebe boas notas.

Tudo na vida é assim... se esforçou, fez certo, o resultado aparece... a vida é assim... sempre sobrevivem os mais esforçados, adaptativos e mais fortes.

Não tenho dúvidas que o meu trabalho precise ser compensado, pois trabalho para isso e aprendi que a coisa é assim.

Será que a atual política do governo Brasileiro estará levando o Brasileiro a compreender isso?

A revolta
O povo Brasileiro, que desde os índios, passando para os negros e agora, os próprios brasileiros, nascidos e criados neste grande nação, estão se sentindo roubados, devida e indevidamente... mas estão.

Na realidade, estamos... você pode ver nas músicas da MPB, não as novas, mas as antigas... no Hip Hop, nos artigos, nos ataques, inclusive os do PCC, mas passeadas quando na sua rua quando alguém morre e ai vai.

Hoje, presenciei uma pré-revolta, que depois, se tornou algo que até a tropa de choque teve que participar.

Estava retornando de uma viagem do Interior, tínhamos passado pela única ponte de acesso a Ilha de São Luís, quando vimos várias pessoas paradas na pista e quando chegamos mais perto, vi um homem que pelos cabelos brancos, deveria ter uns 45 anos, deitado com o rosto no chão e dele, descia uma linha de sangue escorrido de 2 a 3 metros... como passei bem próximo, deu para ver que esse homem, certamente estava morto, mas não consegui identificar o motivo, se foi um atropelamento, pois estava somente assim, com o rosto aparentemente esmagado devido a queda...

Pois, essas pessoas, fecharam as 2 pistas de 3 vias... começaram a quebrar o asfalto, ameaçar a atacar as pessoas.

Motivo? Ninguém prestou assistência... eu não prestei, porque não sou qualificado para tanto... e, da forma que estava, a remoção, poderia de fato agravar a coisa e, penso que ninguém se sentiria a tal ponto, para prestar auxílio.

A polícia, pelo que disseram, demorou mais de 1 hora para chegar... ambulância... nem sei quando... se é que veio.

E pelo que se sabe, foi esse o motivo... a falta de atendimento.

Esse mesmo povo
O mesmo revoltado povo, faz pouco caso do poder público. Fazem trotes, destroem o bem público, as vias, atacam uns aos outros, constroem em locais indevidos, invadem e declaram a sua própria lei... Muitos, nem empregados são, não pagam impostos, não estudam, estão a margem da lei...

São eles mesmos, que exigem serem atendidos rapidamente... sem qualquer sombra de dúvidas... pois isso está na lei, onde todos os Brasileiros devem ter os mesmos diretos... inclusive de serem bons cidadãos...

O descaso e falta de infra-estrutura
Devido a própria opinião pública, o governo deixa de lados obras importantes, para atender outras necessidades, as de poucos... mas como que os muitos poderão também se impor?

Os governos, desde o tempo da colônia, só se importaram com saque... a preocupação maior, sempre foi o saque das riquezas, que na maioria das vezes, para o bem próprio. Devido a distância e a falta de compromisso, a corrupção, sempre comeu solta aqui no Brasil. Poderiam ser casos pequenos, como um fiscal fazer vista grossa em troca de algumas moedas e assim por diante...

E o povo? O povão, aquele pobre, que não tem grana... sempre dançou... foram os negros, os escravos, que sempre tinham que pagar o pato, viviam nas senzalas, onde o chicote comia feio, quando não, ficavam dias ou até morriam nos pelourinhos. Essa infra-estrutura, foi feita... senzalas, pelourinhos... e nada de educação, estradas etc... pois, os ricos e nobres, passavam suas férias ou até parte de suas vidas, nas lindas ruas de Paris ou em outras das belíssimas cidades da Europa.

Mas, os próprios governos, esquecem que eles moram aqui... vivem aqui... seus descendentes, vão continuar morando na mesma cidade, estado e país que eles ajudam a criar... experimente jogar todos os dias o lixo no seu quintal e veja como que vai ficar dentro de 30 dias? Faça suas necessidades fora do vaso... ou não dê descarga... pois é, é isso ai.

Não temos o mínimo, mas não somente coisas para tapar o sol com a peneira. Precisamos exigir e receber, serviços públicos de qualidade... como hospitais, postos de saúde, escolas, vias públicas, sinalização, policiamento, tribunais e todos os outros tipos de serviços públicos.

E como ser cidadão?
Muitos que vejo por ai, sempre comentam... como poderei ser um cidadão, procurar pagar os impostos em dia, respeitar a todos na rua, selecionar o lixo, usar pouco os recursos naturais, ser o melhor no trabalho, ser fiel a sua família, sendo que o país inteiro está em um Caos?

Realmente, a coisa é complicada, e de uma forma ou de outra, a coisa vai acontecer... o Brasil está caminhando para isso e uma guerra, será o que acontecerá.

Eu prefiro, ser o cidadão... estudar, trabalhar, contribuir, ajudar e fazer o que é certo... não pela lei, não pelos amigos, nem para o governo e sim, para minha consciência e acima de tudo, Deus.

Você pode pensar que não tem como fazer algo... temos sim... precisamos começar e um dos inícios, será o de votar corretamente, sei que não é fácil... melhor, não está fácil votar devido a tantos casos extremos, CPIs, Pizzas e nenhum preso, mas é isso ai... Não vote nos safados... escolha alguém que sempre se demonstrou íntegro... mas aqueles caras do PT, sempre foram íntegros, até o ministro era um deles... em quem acreditar?

Eu posso dizer que... desde que o Brasil é Brasil, a corrupção come solta... quem diz que Portugal já não conhecia o Brasil? Ou até, que negociou com Espanha? Só eles que poderão dizer, mas aqui, agora, você pode fazer diferente... VOTE, mas VOTE consciente... nada de voto nulo ou algo parecido... apesar que votar é obrigado por lei, devemos fazer a nossa parte... depois, trabalhe e seja honesto, sendo assim procure contaminar positivamente outros ao seu redor e que eles façam isso com outros, até, que o Brasil todo mude.

E a guerra
Se o Brasil continuar assim... se o povo não mudar... se o governo também não? A Guerra, será a única solução... pode até ser que ela continue ao ponto de se ter alguma FARC ou Cendero Luminoso, onde alguns guerrilheiros, vão fazer atentados, assassinatos etc... na esperança de conseguir alguma coisa...

A Guerra, não conheço, mas dos que já me contaram e o pouco que vejo na TV, é uma coisa triste. Não digo devido as mortes ou perdas materiais, é que você perde seus marcos... você deixar de ser um cidadão, um ser humano e vira alvo ou soldado... não tem meio termo... então, aquela sua profissão, vida, casa e tudo mais, deixa de existir, até que a guerra passe ou você passe para outra.

Qual a sua decisão?
Eu aposto que lutar pacificamente, será a solução, pois prefiro continuar ser euzinho, com o meu trabalho, pois acredito que logo poderei fazer mais diferença e assim por diante... e você?


Perfil do Autor


Especialista de projetos para Internet desde 1993, mantém diversos sites e projetos pessoais



Veneza

Sobre a ponte eu estava,
Há dias, na noite cinzenta
Ao longe ouvi uma canção:
Ela pingava gotas de ouro.
Pela superfície trêmula
Gôndolas, luzes, música -
Ébria ela nadou para a escuridão…
Minha alma, um alaúde,
cantou a si, invisível e ferida,
uma canção veneziana, e segredou,
trêmula de ventura colorida.
Será que alguém a escutou?

Friedrich Nietzsche




AMOR EM TELA

Façamos dessa noite um sonho
E, então, que seja um segredo
As telas que pintamos juntos,
Os risos que demos sem medo.

Que seja, enfim, o amor a arte,
A flor nascida do meu peito,
O seu retrato em toda parte,
Dois corações e um só anseio.

Nossa distância um só detalhe,
Rascunhos desses devaneios,
Pintamos o que é de praxe
E restou-nos o que é verdadeiro.

Agora ao sair de casa
Te levo como passageiro
Em meu afeto tinta à água
Pra colorir o mundo inteiro.

Monet pra resgatar sua alma,
Tarsila pra roubar seu cheiro,
Florbela pra voltar no espaço,
Clarice é o choro no banheiro

Flávio Leite

segunda-feira, 19 de abril de 2010



Flor da Paixão

Sei agora
que a paixão
é azul e coroada
como o sangue e a cabeça
das rainhas. Que tem
nome de flor
e é ímpar. Porque,
se o não fosse,
não seria paixão.

Albano Martins, in "Castália e Outros Poemas"


A mulher submerge-se no banho

com a mesma doce espera

com que se aproxima do leito do amante

e se deixa fundir lentamente

na água tépida suave

Agua de carícia envolvente

que eleva os seios

e os balanceia

pontas que despertam as suas bocas vermelhas

mãos que se abrem como estrelas do mar

e navegam pensativas de um lado para o outro

e roçam de vez em quando as curvas do corpo

A cabeça é um nenúfar que se move

sobre a superfície da água

e na esperança dos olhos

crescem sonhos luminosos

que nenhum amante

poderá jamais cumprir.



Maria Wine





sexta-feira, 16 de abril de 2010

Musica do filme Deer Hunter



Se eu morrer longe, em face da guerra ...

Se eu morrer longe da frente de guerra
Você chora um dia oh meu grande amor Lou
e, em seguida, minha memória vai na terra
Como um escudo explodiu na frente
Beautiful shell como a mimosa em flor

Mais tarde, esta memória que explodiu no ar
Sangue cobriu a terra com toda a minha inteira
O vale do mar e do sol passa para a próxima
A partir da primavera de frutos de ouro Baratier

Presença em todos os seres vivos esquerda e
Acendo a cor rosada de seus seios
Vou luz seus lábios e seu cabelo queima
Você não fica velho e todos os actuais
Ganhou uma nova vida sobre o destino incluiu

A inevitabilidade da minha fuga de sangue em todo o mundo
Dê um brilho mais vivo morrendo dom.
Será que a flor vermelha e fazer o mais profundo do mar
Um amor sem precedentes descer para o mundo
E vai ter mais poder em seu corpo, seu amante

Se a memória não morra lá esquecer
Lou lembra o mais puro êxtase de sua vida
"Em seus dias de chamas e apaixonado amor
Meu sangue é a fonte do futuro
E o mais bonito de ser mais feliz que você sabe
Oh meu amor, oh meu oh meu absoluta loucura só!
Guillaume Apollinaire