sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Voz do Profeta exilado

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Voz do Profeta exilado

a Haydée de Meunier

Cansei-me de anunciar teu nome

às multidões desatinadas;

e, quando desdobrei teu rosto,

responderam-me co pedradas.

Deixei essas praias ferozes

de areias e alucinação.

Fui no meu barco de perigo,

de silêncio e de solidão.

Solucei nas rochas desertas,

equilibrei-me na onda brava.

Curvei de espanto a minha fronte:

e com as águas do mar chorava.

Chorei pelas gentes perdidas

de loucura e orgulho. Depois,

por minhas visões, por meus gestos.

E, finalmente, por nós dois.

Em que outros países, de que estranhos

mundos,alguém espera pela

minha voz, salva de martírios,

condutora da tua Estrela?

Diante dos horizontes próximos,

afligi-se o meu coração.

Não sei se é o tempo da chegada,

ou sempre o da navegação.

Cecília Meireles

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