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Intensidades - Henrique Levy

   
  Intensidades 
   
  cessam em ferida as nossas bocas
  as nossas bocas evaporadas luzem
  arrastando os despojos do amor
  descarnado na névoa do tule
  da tarde teu corpo como um
  deserto treme pensativo agreste
   
  profanação de sombras seculares
  onde desabrido geme inútil
  o meu corpo ignorado
  cujos olhos sepultam flores silvestres
  no vasto caminho da alma dos outros...
   
  o vento sublime pelas nossas
  bocas evaporadas vai subindo
  graciosa carícia de água
  que adormece o consolo
   
  somos felizes somos loucos!
  onde ondeia a força que nos separa?
  no compasso astral!
   
  canto agora ensandecido a tua boca
  regato do meu ser bem firme
  sopro húmido da aurora
  é deus o novo outrora
  que perfuma a lama da eternidade
  ilusão da maré destas bocas revoltadas
  exaustas que arrebatam o pecado
   
  nunca amaram as bocas geladas
  que se afastam evaporadas no
  ocaso primaveril da luz do teu peito
  redondo onde antes entrara
  escuro o último raio de sol
   
  quando mortas repetirem este gesto
  as nossas bocas na lonjura
  intemporal gigante encostadas
  às rochas da fome terna onde
  aprendemos a sentir a extensão
  diluída do que fomos
   
  os lábios que te peço lembram
  o arder do fogo que curioso
  adormece na vigília da noite
  com a amarga ânsia roubada
  aos beijos inextinguíveis
  das bocas de néctar evaporadas
   
  Henrique Levy
  
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
  
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