segunda-feira, 28 de maio de 2012

a mulher fatal na poesia

 

 

Aaron Artes Baudelaire Brasil Dotin-Orsini França Hawks Letras Literatura Mulheres Poesia

Se para as artes fogem as intrigas que remoemos, poucos temas se mostraram sempre intrigantes e recrudescedores que o da mulher que, não fazendo parte da ética ou da bondade moral, se revela cruel, demoníaca, apavorante para, por fim, ser irresistível.

Na literatura clássica brasileira são vários os autores e obras que abordam a temática da mulher bestializada que por hora inspira fuga para, em outras, inspirar realmente o desejo. Os comportamentos ambíguos perante elas são muitos, ainda que no Romantismo é que tenham ficado mais patentes.

A professora francesa da Universidade de Toulouse-le-Mirail, Mirelle Dottin-Orsini, em A mulher a que eles chamam fatal vai traçar o panorama do cenário europeu em relação à mulher (passando pela concepção visceral do assunto por Bauldelaire): viam mulheres em toda parte, diz. As artes plásticas não se furtaram em multiplicar o ícone da mulher – idealizada, mas mulher – em todas as formas e representações de idéias, da Tecnologia ou da Ciência. Mas a reprodução excessiva não a tornava mais familiar segundo a autor, ao contrário, agia quase como um exorcismo. A partir da segunda metade do século XIX, a mulher não é mais a Musa, a Madona; ela agora provoca terror; é a filha de Satã, Eva pecadora, uma afronta em suas liberdades cada vez mais amplas.

É o início de uma mitologia que cultua esta entidade misteriosa e sedutora, que pode matar, que é ávida por sangue. Por vezes confunde-se com a figura da megera, talvez não tão favorecida de belos atributos, mas igualmente letal. Esta figura feminina mitológica é aquela que estraga a vida do homem, uma a depravada de imoralidade contagiosa, uma beldade de nefasto poder.

Com o tempo, o mito vira clichê e torna-se simplesmente um chamariz à venda de histórias, mas já está aceito e enraizado - guardando muito de sua essência original - nas escolas literárias brasileiras, tão influenciadas pelos conceitos europeus que faziam já parte de nossa cultura.

Em Álvares de Azevedo, a segunda fase do Romantismo, explora o caráter dual que teria esta mulher fatal: ao mesmo tempo suave e demônio. Destrói de forma sorridente, tortura o poeta com escárnios, mas este prossegue apaixonado.

(...)

Era mais bela! O seio palpitando...

Negros olhos as pálpebras abrindo...

Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!

Por ti – as noites eu velei chorando,

Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!

Já em Castro Alves, a mulher fatal já está muito perto do inferno. Entrega-se à luxúria seduzindo a todos sem pudor, alimenta-se do sofrimento do que a ama, é o protótipo da vampira que fere muito além da troça; ataca a moral ignorando-a simplesmente, é fria e cruel diante do sofrimento do outro. Em Fabíola, ela é realmente essa assassina lasciva que rega as plantas com o sange do que deveria ser seu bem-amado:

Como teu riso dói... como na treva

Os lêmures respondem no infinito:

Tens o aspecto do pássaro maldito,

Que em sânie de cadáveres se ceva!

Filha da noite! A ventania leva

Um soluço de amor pungente, aflito...

Fabíola!... É teu nome!... Escuta é um grito,

Que lacerante para os céus s'eleva!...

E tu folgas, Bacante dos amores,

E a orgia que a mantilha te arregaça,

Enche a noite de horror, de mais horrores...

É sangue, que referve-te na taça!

É sangue, que borrifa-te estas flores!

E este sangue é meu sangue... é meu... Desgraça!

Também o conhecidamente frio poeta parnasiano foi vitima desta mulher sedutora mesmo entre os panteões gregos. Em Messalina, Olavo Bilac nos apresenta uma mulher uma mulher que vive entre as ruínas, imperiosa, nobre sobre toda a destruição que a orgia ao redor provoca. Messalina figura poderosa, fascina por sua beleza, sua libertinagem e pelo sangue que derrama, amedrontando.

Recordo, ao ver-te, as épocas sombrias

Do passado. Minh'alma se transporta

À Roma antiga, e da cidade morta

Dos Césares reanima as cinzas frias;

Triclínios e vivendas luzidias

Percorre; pára de Suburra à porta,

E o confuso clamor escuta, absorta,

Das desvairadas e febris orgias.

Aí, num trono erecto sobre a ruína

De um povo inteiro, tendo à fronte impura

O diadema imperial de Messalina,

Vejo-te bela, estátua da loucura!

Erguendo no ar a mão nervosa e fina,

Tinta de sangue, que um punhal segura.

Em Augusto dos Anjos encontramos a mulher fatal misturada aos traços chocantes que caracterizaram sua obra, como a exploração intensa do orgânico, do animal...tudo a ponto de provocar mesmo nojo aos caríssimos leitores. Em Versos íntimos, a figura feminina é destruidora por seu abandono violento, ela rejeita ferozmente o poeta não parecendo demonstrar sensibilidade alguma. Mas ainda que liricamente esbraveje impropérios contra ela, é possível identificarmos que a ingratidão e o abandono não foram suficientes para demover o eu-lírico da sedução que a mulher provoca. Torna-se um ícone o dizer: o beijo, amigo, é a véspera do escarro

Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão - esta pantera -

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

Assim, a mulher fatal pôde estar fortemente no imaginário literário brasileiro, em suas mais diversas facetas, todas destruidoras, assim como ocorrido na Europa. Concluindo com a mesma Dotin-Orsinni: a imagem da mulher fatal, complacente e gratificante no plano da arte, cristaliza de maneira espetacular a ambivalência da atitude masculina diante do feminino (e até aqui nada de novo): fascinação e repulsa, adoração submissa e ódio agudo (poderíamos dizer histérico?), desejo de aconchego e terror incontrolável.

ilustrações de mulheres bonitas

 

 

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Contra todas as expectativas, Jason Levesque começou a trabalhar numa empresa ligada à tecnologia, uma pequena startup dot-com em Williamsburg. Fruto da sua maneira de estar, era vulgar andar de skate por todo o lado a fazer malabarismos e a ultrapassar obstáculos. Por esse motivo, quando adoptou um nome artístico, decidiu fazer jus à forma como as pessoas o viam no dia a dia. Stuntkidé o nome por que é conhecido.

Grande parte do trabalho de Levesque começa com uma fotografia tirada pela sua câmara Nikon. A maior parte das vezes que fotografa, imagina aquele objecto ou cena como uma mera ilustração, tentando abstrair-se de tudo o resto que cause distracção no enquadramento.

Diz que não tem uma motivação para fazer o seu trabalho, o que o separa dos demais artistas e o coloca meramente no mundo da ilustração. Como ilustrador, normalmente tem uma ideia do que pretende fazer, e pensa na forma mais eficiente de a realizar do ponto de vista prático. A maior parte do tempo, Jason diz-se focado em finalizar aquilo que considera um produto, relegando para segundo plano a inspiração.

Na sequência do seu trabalho, Jason lançou um livro chamdo "Girls are Pretty", do qual poderá ver aqui algumas imagens.

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Veneza: uma cidade criada por quem a vê

 

 

Veneza é tema e cenário para narrativas e mitos que marcaram a história. Mais do que qualquer outra, ela foi recriada, ao longo dos séculos, pelos olhares de quem a pintou, escreveu, fotografou.

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© Canaletto, "O Grande Canal e a Igreja da Saúde", óleo s/ tela (1730), Museu das Belas Artes de Houston.

Se não “a mais...”, Veneza é talvez “uma das mais” literárias e representadas cidades da Europa. É, por certo, impossível listar a fortuna literária, artística e histórica cujo pano de fundo é estampado por esta cidade, sempre referida pelos seus canais onde navegam, além de suas célebres gôndolas, mistérios e mitos populares.

Desde o século XV e XVI, a “Sereníssima”, como era conhecida a atual cidade de Veneza, antes uma República pacífica, tinha ares de “recinto de férias e descanso”. As águas que a recortam e perpassam são entendidas como verdadeiros atores de influência em sua cultura, hábitos cotidianos e, inclusive, produção artística. Veneza teve uma produção artística rival da de outra grande República italiana, Florença. Os florentinos defendiam o primado do desenho; já os venezianos contrapunham a supremacia da cor. Há quem diga que tudo isso se deveu a influência do contato direto e cotidiano com as águas dos canais e do mar - que garantiu, por sinal, a soberania econômica desta cidade durante tanto tempo, se comparada às outras províncias da Península Itálica naquela altura.

shylock_jessica_mercadordeveneza.jpg

Jessica e Shylock, personagens de "O mercador de Veneza", num quadro de Maurycy Gottlieb

O século XVIII, dando agora um salto na História, nos legou a obra de Canaletto, pintor rapidamente recordado pelos delicados e cuidadosos panoramas venezianos. O século XIX, por seu lado, nos deu uma visão duplicada de Veneza: de um lado a cidade surge cercada de mistérios, de histórias assombrosas de afogamentos, de crimes, mas por outro de amores trágicos, de sofrimentos e até mesmo, por vezes, de decadência, visão essa que, de alguma maneira vai ecoar no século seguinte, nas palavras de Sartre e Mann. Basta lembrarmos que, séculos antes, em “O Mercador de Veneza” (1596-1598), de Shakespeare, o drama e a decadência já eram a atmosfera predominante, embora a peça seja considerada uma obra-prima da comédia. Do mesmo autor, em “Otelo, o Mouro de Veneza” (c. 1603) são a inveja e a ruína humana que encontram os seus lugares. Mais tarde, no século XIX, nasceu a Bienal de Veneza (1895), hoje uma das exposições de arte mais importantes do mundo.

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Tintoretto, "Triunfo de Veneza" , óleo s/ tela (1584), Palácio Ducal de Veneza (detalhe).

A alvorada do século XX mostra-nos conscientemente Veneza segundo todo o peso das histórias nas quais a cidade foi assunto, tema ou cenário. Desde Thomas Mann, no início do século, com a "Morte em Veneza", a Sartre, que dedicou à cidade um conjunto de ensaios, entre os quais “O Sequestrado de Veneza”, sobre Tintoretto, pintor que nasceu e sempre trabalhou em Veneza. É deste livro o primeiro dos trechos literários selecionados que seguem.

***

“...em Veneza nada é simples. Pois não é uma cidade, não: é um arquipélago . Como poderíamos esquecer? De sua ilha, você olha a ilha da frente com inveja: ali, há... o quê? Uma solidão, uma pureza, um silêncio que não há, você juraria, do lado de cá. A verdadeira Veneza, onde quer que você esteja, está sempre em outra parte. Para mim, ao menos, é assim. Normalmente, contento-me com o que tenho mas, em Veneza, sou presa de uma espécie de loucura invejosa; se não me contivesse, estaria o tempo todo nas pontes ou nas gôndolas, procurando desvairadamente a Veneza secreta da outra borda. Naturalmente, assim que a abordo, tudo desvanece; me volto: o mistério tranquilo formou-se novamente do outro lado. Há muito me resignei: Veneza está lá onde não estou”.

SARTRE, Jean Paul. Veneza de minha janela. In.: O sequestrado de Veneza. – São Paulo: Cosac Naify, 2005.

morteemveneza_visconti.jpg

Fotograma do filme de Visconti "Morte em Veneza".

“Finalmente ele o revia, o mais incrível desembarcadouro, aquela deslumbrante, fantástica composição arquitetônica que a República oferecia ao olhar atônito e cheio de veneração dos navegantes que dela se aproximavam – imponência etérea do Palácio, a Ponte dos Suspiros, as colunas à beira d’água com leão e o santo padroeiro, o perfil da fabulosa catedral sobressaindo suntuoso, o portal e o gigantesco relógio, que se deixavam entrever – e, enquanto o contemplava, Auschenbach ponderou que chegar a Veneza de trem, vindo por terra, era o mesmo que entrar num palácio pela porta dos fundos, e que jamais alguém deveria aproximar-se da mais incrível de todas as cidades a não ser de navio, atravessando o mar, como o fizera agora”.

MANN, Thomas. Morte em Veneza. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

“De novo, na imaginação eu te contemplo! Mais uma vez teu vulto se ergueu diante de mim... Não, não como te encontras, no frio vale, na sombra!, mas como deverias estar, dissipando uma vida de sublime meditação naquela cidade de sombrias visões, tua própria Veneza, que é um Eliseu do mar querido das estrelas, onde as amplas janelas dos palácios paladinos contemplam, com profunda e amarga reflexão, os segredos de suas águas silenciosas”.

POE, Edgar Allan.

Natalie Merchant

10,000 Maniacs

 

 Natalie Merchant These days Musica Maniacs Edificio Harmonia Recordacao

Os 10,000 Maniacs iniciaram-se no mundo da música no inicio da década de 80, com um alinhamento que repartia o talento vocal de Natalie Merchant com John Lombardo, Robert Buck, Steven Gustafson, Dennis Drew e Jerry Ausugstyniak. These are days é uma daquelas músicas felizes que inspira recordações.

 

 

these are days you'll remember

never before and never since, I promise
will the whole world be warm as this
and as you feel it, you'll know it's true
that you are blessed and lucky
it's true, that you are touched by something
that will grow and bloom in you

these are days you'll remember

when May is rushing over you with desire
to be part of the miracles you see in every hour
you'll know it's true, that you are blessed and lucky
it's true, that you are touched by something
that will grow and bloom in you

these are the days
that you might fill with laughter
until you break

these days you might feel a shaft of light
make its way across your face
and when you do
you'll know how it was meant to be
see the signs and know their meaning

you'll know how it was meant to be
hear the signs and
know they're speaking to you
to you

Os épicos íntimos de Ane Brun

Sua voz é de um timbre raro e segue canções incongruentes. Ainda assim permanece familiar, encanta com alguma coisa inexplicável, perturba. A norueguesa Ane Brun tem as notas certas que nos fazem mergulhar em alguma nova existência de nossas próprias e íntimas histórias.

Ane Brun

Aos primeiros sons de “The Treehouse Song”, sem aviso, um mundo doce e cheio de brisa aparece. É como se o botão de play tivesse o poder de te transportar para um dia mágico; meio clichê de filme alternativo, mas mágico. Um cão corre na areia, um carro vermelho parado, um amante abandonado, um aneurisma descoberto, um fim doce qualquer. Só algumas descrições e metáforas meio bobas parecem suficiente para falar do paixão fervente e austera que começa a se desenrolar a partir de então.

Ane Brun

O charme nórdico é inegável e, de tempos em tempos, somos brindados com uma nova leva de músicos incríveis que se forma naquela região gelada da Europa. Destes, poucos são descobertos e ganham o mundo mas, quando isso acontece, os efeitos são sempre arrebatadores. A-Ha, Björk e o próprio Sugababes, os grupo Sigur Ros Röyksopp e The Hives, cada qual em seu estilo, atestam a força sonora de países como a Dinamarca e a Islândia.

Ane Brunvoll é um exemplo desses fenômenos que acontecem. Nascida na Noruega, após três discos (sendo o primeiro, Spending Time with Morgan, considerado até o momento como sua obra prima) e inúmeros EP’s oficiais e extra oficiais; Changing the Seasons, de 2008, está sendo o álbum que lhe apresenta ao resto do mundo. Foi a partir dele que conheci os encantos que vão desde as batidinhas da primeira faixa “The Three house song” até a singela valsa “Armour” que parece saída de um conto de fadas. Desde então estou procurando como falar sobre isso sem usar descrições ou metáforas bobas. Falhei e me sinto satisfeita por isso.

Ane Brun

Nas audições, a sensação de que nenhum elemento musical está ali ao acaso é permanente. Os pequenos detalhes que parecem engrandecer cada parte, que conseguem transformar cada faixa em um épico íntimo, uma lenda pessoal. O resultado faz parte de uma esperta habilidade de Ane Brun para articular apelos familiares com um estilo incongruente e raro. O conforto do pop está presente em tudo, mas não disfarça o folk sombrio que remete a um soturno Nick Drake, e a um toque de Piaf que gosta de exibir nas suas tremulações de voz. E na filosofia das canções tudo é brutal e gentilmente congelado nas desilusões do amor e as alucinações do abandono; porque a vida sempre separa, mas sempre - e isso é estranho, é fascinante - sobrevivemos. Às vezes não tão inteiros quanto antes.

As composições e elementos musicais dizem tanto quanto as palavras cantadas e cada música só quer contar da beleza que há no recolhimento da solidão. Ela dá as más notícias de forma doce e hipnótica, e por isso nunca triste. Impossível resistir a essa fantástica e melancólica artista. Para os destemidos, fica a música "The Puzzle", do disco "Changing the Seasons".

Os épicos íntimos de Ane Brun

Sua voz é de um timbre raro e segue canções incongruentes. Ainda assim permanece familiar, encanta com alguma coisa inexplicável, perturba. A norueguesa Ane Brun tem as notas certas que nos fazem mergulhar em alguma nova existência de nossas próprias e íntimas histórias.

Ane Brun

Aos primeiros sons de “The Treehouse Song”, sem aviso, um mundo doce e cheio de brisa aparece. É como se o botão de play tivesse o poder de te transportar para um dia mágico; meio clichê de filme alternativo, mas mágico. Um cão corre na areia, um carro vermelho parado, um amante abandonado, um aneurisma descoberto, um fim doce qualquer. Só algumas descrições e metáforas meio bobas parecem suficiente para falar do paixão fervente e austera que começa a se desenrolar a partir de então.

Ane Brun

O charme nórdico é inegável e, de tempos em tempos, somos brindados com uma nova leva de músicos incríveis que se forma naquela região gelada da Europa. Destes, poucos são descobertos e ganham o mundo mas, quando isso acontece, os efeitos são sempre arrebatadores. A-Ha, Björk e o próprio Sugababes, os grupo Sigur Ros Röyksopp e The Hives, cada qual em seu estilo, atestam a força sonora de países como a Dinamarca e a Islândia.

Ane Brunvoll é um exemplo desses fenômenos que acontecem. Nascida na Noruega, após três discos (sendo o primeiro, Spending Time with Morgan, considerado até o momento como sua obra prima) e inúmeros EP’s oficiais e extra oficiais; Changing the Seasons, de 2008, está sendo o álbum que lhe apresenta ao resto do mundo. Foi a partir dele que conheci os encantos que vão desde as batidinhas da primeira faixa “The Three house song” até a singela valsa “Armour” que parece saída de um conto de fadas. Desde então estou procurando como falar sobre isso sem usar descrições ou metáforas bobas. Falhei e me sinto satisfeita por isso.

Ane Brun

Nas audições, a sensação de que nenhum elemento musical está ali ao acaso é permanente. Os pequenos detalhes que parecem engrandecer cada parte, que conseguem transformar cada faixa em um épico íntimo, uma lenda pessoal. O resultado faz parte de uma esperta habilidade de Ane Brun para articular apelos familiares com um estilo incongruente e raro. O conforto do pop está presente em tudo, mas não disfarça o folk sombrio que remete a um soturno Nick Drake, e a um toque de Piaf que gosta de exibir nas suas tremulações de voz. E na filosofia das canções tudo é brutal e gentilmente congelado nas desilusões do amor e as alucinações do abandono; porque a vida sempre separa, mas sempre - e isso é estranho, é fascinante - sobrevivemos. Às vezes não tão inteiros quanto antes.

As composições e elementos musicais dizem tanto quanto as palavras cantadas e cada música só quer contar da beleza que há no recolhimento da solidão. Ela dá as más notícias de forma doce e hipnótica, e por isso nunca triste. Impossível resistir a essa fantástica e melancólica artista. Para os destemidos, fica a música "The Puzzle", do disco "Changing the Seasons".

A nudez comum por Matt Blum

 

 http://thenuproject.com/

 

“Um corpo nu na frente do espelho. Aquelas dobrinhas adoráveis, a celulite saltando aos olhos e pintas espalhadas em toda sua extensão. Sem maquiagem, nem truques, ali, exposta, pronta para mostrar toda sua beleza natural.” Esse poderia certamente ser o pensamento de uma mulher prestes a ser fotografada por Matt Blum, o fotógrafo da nudez comum. Conheça agora um pouco desse trabalho que faz bem aos olhos mas, principalmente, nos faz valorizar o corpo que temos como ele realmente é.

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© Matt Blum "The Nu Project".

Amar o próprio corpo não tem sido uma tarefa muito fácil atualmente. A cada dia que passa, a artificialidade tem sido mais valorizada, e o que vemos são mulheres de plástico, sambando orgulhosamente com seus silicones em nossa cara. Isso não é necessariamente uma crítica - cada um faz suas escolhas e se ter um corpinho esculpido à base de cirurgias plásticas é sinônimo de felicidade para alguém, não há o que dizer. Mas é fato que a beleza natural anda realmente desvalorizada. Não há como negar.

Em tempos em que os padrões de beleza se tornaram tão artificiais, é sempre reconfortante saber que ainda existem pessoas que valorizam e enaltecem um corpo comum. Sim, com suas celulites e gordurinhas localizadas, uma bunda mais reta ou seios pequenos. Reconhecendo o potencial de beleza natural das mulheres.

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© Matt Blum "The Nu Project".

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© Matt Blum "The Nu Project".

Com esse conceito de valorização do belo natural, Matt Blum começou em 2005, na cidade de Minneapolis, a série The Nu Project. O fotógrafo usa suas lentes para clicar mulheres em momentos cotidianos, sem poses forçadas, maquiagem, efeitos ou glamour. A ideia é mostrar o nu artístico de mulheres comuns. Sem distinção de raça, idade ou classe social, o fotógrafo recruta as modelos através de seu site e faz o trabalho de forma gratuita. O site já conta com três galerias entre cidades da América do Norte e América do Sul - entre elas, São Paulo - e Matt tem a pretensão de lançar um livro com suas fotografias.

O fotógrafo pretende voltar ao Brasil ainda em 2012 e fotografar novamente em São Paulo, além do Rio de Janeiro, Manaus e outra cidade que poderá ser escolhida de acordo com o número de interessadas.

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© Matt Blum "The Nu Project".

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© Matt Blum "The Nu Project".

Matt Blum é casado com a também fotógrafa Katy Kessler e os dois viajam o mundo fotografando casamentos, batizados e sessões diversas, além de fazerem nu artístico, obviamente.

Interessadas em participar da série The Nu Project podem se inscrever no próprio site do fotógrafo. Mas lembrem-se: é necessário ter mais de 21 anos.

Imagens gentilmente cedidas pelo fotógrafo.

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A nudez comum por Matt Blum

 

“Um corpo nu na frente do espelho. Aquelas dobrinhas adoráveis, a celulite saltando aos olhos e pintas espalhadas em toda sua extensão. Sem maquiagem, nem truques, ali, exposta, pronta para mostrar toda sua beleza natural.” Esse poderia certamente ser o pensamento de uma mulher prestes a ser fotografada por Matt Blum, o fotógrafo da nudez comum. Conheça agora um pouco desse trabalho que faz bem aos olhos mas, principalmente, nos faz valorizar o corpo que temos como ele realmente é.

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© Matt Blum "The Nu Project".

Amar o próprio corpo não tem sido uma tarefa muito fácil atualmente. A cada dia que passa, a artificialidade tem sido mais valorizada, e o que vemos são mulheres de plástico, sambando orgulhosamente com seus silicones em nossa cara. Isso não é necessariamente uma crítica - cada um faz suas escolhas e se ter um corpinho esculpido à base de cirurgias plásticas é sinônimo de felicidade para alguém, não há o que dizer. Mas é fato que a beleza natural anda realmente desvalorizada. Não há como negar.

Em tempos em que os padrões de beleza se tornaram tão artificiais, é sempre reconfortante saber que ainda existem pessoas que valorizam e enaltecem um corpo comum. Sim, com suas celulites e gordurinhas localizadas, uma bunda mais reta ou seios pequenos. Reconhecendo o potencial de beleza natural das mulheres.

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Com esse conceito de valorização do belo natural, Matt Blum começou em 2005, na cidade de Minneapolis, a série The Nu Project. O fotógrafo usa suas lentes para clicar mulheres em momentos cotidianos, sem poses forçadas, maquiagem, efeitos ou glamour. A ideia é mostrar o nu artístico de mulheres comuns. Sem distinção de raça, idade ou classe social, o fotógrafo recruta as modelos através de seu site e faz o trabalho de forma gratuita. O site já conta com três galerias entre cidades da América do Norte e América do Sul - entre elas, São Paulo - e Matt tem a pretensão de lançar um livro com suas fotografias.

O fotógrafo pretende voltar ao Brasil ainda em 2012 e fotografar novamente em São Paulo, além do Rio de Janeiro, Manaus e outra cidade que poderá ser escolhida de acordo com o número de interessadas.

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© Matt Blum "The Nu Project".

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Matt Blum é casado com a também fotógrafa Katy Kessler e os dois viajam o mundo fotografando casamentos, batizados e sessões diversas, além de fazerem nu artístico, obviamente.

Interessadas em participar da série The Nu Project podem se inscrever no próprio site do fotógrafo. Mas lembrem-se: é necessário ter mais de 21 anos.

Imagens gentilmente cedidas pelo fotógrafo.

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http://thenuproject.com/