segunda-feira, 28 de maio de 2012
ilustrações de mulheres bonitas
Contra todas as expectativas, Jason Levesque começou a trabalhar numa empresa ligada à tecnologia, uma pequena startup dot-com em Williamsburg. Fruto da sua maneira de estar, era vulgar andar de skate por todo o lado a fazer malabarismos e a ultrapassar obstáculos. Por esse motivo, quando adoptou um nome artístico, decidiu fazer jus à forma como as pessoas o viam no dia a dia. Stuntkidé o nome por que é conhecido.
Grande parte do trabalho de Levesque começa com uma fotografia tirada pela sua câmara Nikon. A maior parte das vezes que fotografa, imagina aquele objecto ou cena como uma mera ilustração, tentando abstrair-se de tudo o resto que cause distracção no enquadramento.
Diz que não tem uma motivação para fazer o seu trabalho, o que o separa dos demais artistas e o coloca meramente no mundo da ilustração. Como ilustrador, normalmente tem uma ideia do que pretende fazer, e pensa na forma mais eficiente de a realizar do ponto de vista prático. A maior parte do tempo, Jason diz-se focado em finalizar aquilo que considera um produto, relegando para segundo plano a inspiração.
Na sequência do seu trabalho, Jason lançou um livro chamdo "Girls are Pretty", do qual poderá ver aqui algumas imagens.
Veneza: uma cidade criada por quem a vê
Veneza é tema e cenário para narrativas e mitos que marcaram a história. Mais do que qualquer outra, ela foi recriada, ao longo dos séculos, pelos olhares de quem a pintou, escreveu, fotografou.
© Canaletto, "O Grande Canal e a Igreja da Saúde", óleo s/ tela (1730), Museu das Belas Artes de Houston.
Se não “a mais...”, Veneza é talvez “uma das mais” literárias e representadas cidades da Europa. É, por certo, impossível listar a fortuna literária, artística e histórica cujo pano de fundo é estampado por esta cidade, sempre referida pelos seus canais onde navegam, além de suas célebres gôndolas, mistérios e mitos populares.
Desde o século XV e XVI, a “Sereníssima”, como era conhecida a atual cidade de Veneza, antes uma República pacífica, tinha ares de “recinto de férias e descanso”. As águas que a recortam e perpassam são entendidas como verdadeiros atores de influência em sua cultura, hábitos cotidianos e, inclusive, produção artística. Veneza teve uma produção artística rival da de outra grande República italiana, Florença. Os florentinos defendiam o primado do desenho; já os venezianos contrapunham a supremacia da cor. Há quem diga que tudo isso se deveu a influência do contato direto e cotidiano com as águas dos canais e do mar - que garantiu, por sinal, a soberania econômica desta cidade durante tanto tempo, se comparada às outras províncias da Península Itálica naquela altura.
Jessica e Shylock, personagens de "O mercador de Veneza", num quadro de Maurycy Gottlieb
O século XVIII, dando agora um salto na História, nos legou a obra de Canaletto, pintor rapidamente recordado pelos delicados e cuidadosos panoramas venezianos. O século XIX, por seu lado, nos deu uma visão duplicada de Veneza: de um lado a cidade surge cercada de mistérios, de histórias assombrosas de afogamentos, de crimes, mas por outro de amores trágicos, de sofrimentos e até mesmo, por vezes, de decadência, visão essa que, de alguma maneira vai ecoar no século seguinte, nas palavras de Sartre e Mann. Basta lembrarmos que, séculos antes, em “O Mercador de Veneza” (1596-1598), de Shakespeare, o drama e a decadência já eram a atmosfera predominante, embora a peça seja considerada uma obra-prima da comédia. Do mesmo autor, em “Otelo, o Mouro de Veneza” (c. 1603) são a inveja e a ruína humana que encontram os seus lugares. Mais tarde, no século XIX, nasceu a Bienal de Veneza (1895), hoje uma das exposições de arte mais importantes do mundo.
Tintoretto, "Triunfo de Veneza" , óleo s/ tela (1584), Palácio Ducal de Veneza (detalhe).
A alvorada do século XX mostra-nos conscientemente Veneza segundo todo o peso das histórias nas quais a cidade foi assunto, tema ou cenário. Desde Thomas Mann, no início do século, com a "Morte em Veneza", a Sartre, que dedicou à cidade um conjunto de ensaios, entre os quais “O Sequestrado de Veneza”, sobre Tintoretto, pintor que nasceu e sempre trabalhou em Veneza. É deste livro o primeiro dos trechos literários selecionados que seguem.
***
“...em Veneza nada é simples. Pois não é uma cidade, não: é um arquipélago . Como poderíamos esquecer? De sua ilha, você olha a ilha da frente com inveja: ali, há... o quê? Uma solidão, uma pureza, um silêncio que não há, você juraria, do lado de cá. A verdadeira Veneza, onde quer que você esteja, está sempre em outra parte. Para mim, ao menos, é assim. Normalmente, contento-me com o que tenho mas, em Veneza, sou presa de uma espécie de loucura invejosa; se não me contivesse, estaria o tempo todo nas pontes ou nas gôndolas, procurando desvairadamente a Veneza secreta da outra borda. Naturalmente, assim que a abordo, tudo desvanece; me volto: o mistério tranquilo formou-se novamente do outro lado. Há muito me resignei: Veneza está lá onde não estou”.
SARTRE, Jean Paul. Veneza de minha janela. In.: O sequestrado de Veneza. – São Paulo: Cosac Naify, 2005.
Fotograma do filme de Visconti "Morte em Veneza".
“Finalmente ele o revia, o mais incrível desembarcadouro, aquela deslumbrante, fantástica composição arquitetônica que a República oferecia ao olhar atônito e cheio de veneração dos navegantes que dela se aproximavam – imponência etérea do Palácio, a Ponte dos Suspiros, as colunas à beira d’água com leão e o santo padroeiro, o perfil da fabulosa catedral sobressaindo suntuoso, o portal e o gigantesco relógio, que se deixavam entrever – e, enquanto o contemplava, Auschenbach ponderou que chegar a Veneza de trem, vindo por terra, era o mesmo que entrar num palácio pela porta dos fundos, e que jamais alguém deveria aproximar-se da mais incrível de todas as cidades a não ser de navio, atravessando o mar, como o fizera agora”.
MANN, Thomas. Morte em Veneza. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.
“De novo, na imaginação eu te contemplo! Mais uma vez teu vulto se ergueu diante de mim... Não, não como te encontras, no frio vale, na sombra!, mas como deverias estar, dissipando uma vida de sublime meditação naquela cidade de sombrias visões, tua própria Veneza, que é um Eliseu do mar querido das estrelas, onde as amplas janelas dos palácios paladinos contemplam, com profunda e amarga reflexão, os segredos de suas águas silenciosas”.
POE, Edgar Allan.
Natalie Merchant
10,000 Maniacs
Os 10,000 Maniacs iniciaram-se no mundo da música no inicio da década de 80, com um alinhamento que repartia o talento vocal de Natalie Merchant com John Lombardo, Robert Buck, Steven Gustafson, Dennis Drew e Jerry Ausugstyniak. These are days é uma daquelas músicas felizes que inspira recordações.
these are days you'll remember
never before and never since, I promise
will the whole world be warm as this
and as you feel it, you'll know it's true
that you are blessed and lucky
it's true, that you are touched by something
that will grow and bloom in you
these are days you'll remember
when May is rushing over you with desire
to be part of the miracles you see in every hour
you'll know it's true, that you are blessed and lucky
it's true, that you are touched by something
that will grow and bloom in you
these are the days
that you might fill with laughter
until you break
these days you might feel a shaft of light
make its way across your face
and when you do
you'll know how it was meant to be
see the signs and know their meaning
you'll know how it was meant to be
hear the signs and
know they're speaking to you
to you
Os épicos íntimos de Ane Brun
Sua voz é de um timbre raro e segue canções incongruentes. Ainda assim permanece familiar, encanta com alguma coisa inexplicável, perturba. A norueguesa Ane Brun tem as notas certas que nos fazem mergulhar em alguma nova existência de nossas próprias e íntimas histórias.
Aos primeiros sons de “The Treehouse Song”, sem aviso, um mundo doce e cheio de brisa aparece. É como se o botão de play tivesse o poder de te transportar para um dia mágico; meio clichê de filme alternativo, mas mágico. Um cão corre na areia, um carro vermelho parado, um amante abandonado, um aneurisma descoberto, um fim doce qualquer. Só algumas descrições e metáforas meio bobas parecem suficiente para falar do paixão fervente e austera que começa a se desenrolar a partir de então.
O charme nórdico é inegável e, de tempos em tempos, somos brindados com uma nova leva de músicos incríveis que se forma naquela região gelada da Europa. Destes, poucos são descobertos e ganham o mundo mas, quando isso acontece, os efeitos são sempre arrebatadores. A-Ha, Björk e o próprio Sugababes, os grupo Sigur Ros Röyksopp e The Hives, cada qual em seu estilo, atestam a força sonora de países como a Dinamarca e a Islândia.
Ane Brunvoll é um exemplo desses fenômenos que acontecem. Nascida na Noruega, após três discos (sendo o primeiro, Spending Time with Morgan, considerado até o momento como sua obra prima) e inúmeros EP’s oficiais e extra oficiais; Changing the Seasons, de 2008, está sendo o álbum que lhe apresenta ao resto do mundo. Foi a partir dele que conheci os encantos que vão desde as batidinhas da primeira faixa “The Three house song” até a singela valsa “Armour” que parece saída de um conto de fadas. Desde então estou procurando como falar sobre isso sem usar descrições ou metáforas bobas. Falhei e me sinto satisfeita por isso.
Nas audições, a sensação de que nenhum elemento musical está ali ao acaso é permanente. Os pequenos detalhes que parecem engrandecer cada parte, que conseguem transformar cada faixa em um épico íntimo, uma lenda pessoal. O resultado faz parte de uma esperta habilidade de Ane Brun para articular apelos familiares com um estilo incongruente e raro. O conforto do pop está presente em tudo, mas não disfarça o folk sombrio que remete a um soturno Nick Drake, e a um toque de Piaf que gosta de exibir nas suas tremulações de voz. E na filosofia das canções tudo é brutal e gentilmente congelado nas desilusões do amor e as alucinações do abandono; porque a vida sempre separa, mas sempre - e isso é estranho, é fascinante - sobrevivemos. Às vezes não tão inteiros quanto antes.
As composições e elementos musicais dizem tanto quanto as palavras cantadas e cada música só quer contar da beleza que há no recolhimento da solidão. Ela dá as más notícias de forma doce e hipnótica, e por isso nunca triste. Impossível resistir a essa fantástica e melancólica artista. Para os destemidos, fica a música "The Puzzle", do disco "Changing the Seasons".
Os épicos íntimos de Ane Brun
Sua voz é de um timbre raro e segue canções incongruentes. Ainda assim permanece familiar, encanta com alguma coisa inexplicável, perturba. A norueguesa Ane Brun tem as notas certas que nos fazem mergulhar em alguma nova existência de nossas próprias e íntimas histórias.
Aos primeiros sons de “The Treehouse Song”, sem aviso, um mundo doce e cheio de brisa aparece. É como se o botão de play tivesse o poder de te transportar para um dia mágico; meio clichê de filme alternativo, mas mágico. Um cão corre na areia, um carro vermelho parado, um amante abandonado, um aneurisma descoberto, um fim doce qualquer. Só algumas descrições e metáforas meio bobas parecem suficiente para falar do paixão fervente e austera que começa a se desenrolar a partir de então.
O charme nórdico é inegável e, de tempos em tempos, somos brindados com uma nova leva de músicos incríveis que se forma naquela região gelada da Europa. Destes, poucos são descobertos e ganham o mundo mas, quando isso acontece, os efeitos são sempre arrebatadores. A-Ha, Björk e o próprio Sugababes, os grupo Sigur Ros Röyksopp e The Hives, cada qual em seu estilo, atestam a força sonora de países como a Dinamarca e a Islândia.
Ane Brunvoll é um exemplo desses fenômenos que acontecem. Nascida na Noruega, após três discos (sendo o primeiro, Spending Time with Morgan, considerado até o momento como sua obra prima) e inúmeros EP’s oficiais e extra oficiais; Changing the Seasons, de 2008, está sendo o álbum que lhe apresenta ao resto do mundo. Foi a partir dele que conheci os encantos que vão desde as batidinhas da primeira faixa “The Three house song” até a singela valsa “Armour” que parece saída de um conto de fadas. Desde então estou procurando como falar sobre isso sem usar descrições ou metáforas bobas. Falhei e me sinto satisfeita por isso.
Nas audições, a sensação de que nenhum elemento musical está ali ao acaso é permanente. Os pequenos detalhes que parecem engrandecer cada parte, que conseguem transformar cada faixa em um épico íntimo, uma lenda pessoal. O resultado faz parte de uma esperta habilidade de Ane Brun para articular apelos familiares com um estilo incongruente e raro. O conforto do pop está presente em tudo, mas não disfarça o folk sombrio que remete a um soturno Nick Drake, e a um toque de Piaf que gosta de exibir nas suas tremulações de voz. E na filosofia das canções tudo é brutal e gentilmente congelado nas desilusões do amor e as alucinações do abandono; porque a vida sempre separa, mas sempre - e isso é estranho, é fascinante - sobrevivemos. Às vezes não tão inteiros quanto antes.
As composições e elementos musicais dizem tanto quanto as palavras cantadas e cada música só quer contar da beleza que há no recolhimento da solidão. Ela dá as más notícias de forma doce e hipnótica, e por isso nunca triste. Impossível resistir a essa fantástica e melancólica artista. Para os destemidos, fica a música "The Puzzle", do disco "Changing the Seasons".
A nudez comum por Matt Blum
http://thenuproject.com/