Irreverência ou protagonismo ?
Depois de na Irlanda serem corridos á garrafada ontem foi a vez de Portugal
Horas não são com eles ……….
Como é que se sabe que estamos num concerto dos Guns N' Roses? Assim: Axl fez questão de nos lembrar com os longos 90 minutos que separaram a sua entrada em palco após o final da actuação de convidado especial Sebastian Bach . Provavelmente já a antever uma longa espera entre as duas actuações, foi dado ao ex-vocalista dos Skid Row todo o tempo do mundo - neste caso uns 90 minutos nada habituais numa actuação de abertura - e o músico teve oportunidade de entreter os milhares de espectadores que, por esta altura (a actuação começou às 20:30 em ponto ao som de uma versão mais acelerada do clássico "Slave To The Grind"), já compunham muito bem a plateia e os dois balcões do Pavilhão Atlântico.    
Bach pode afirmar a cada oportunidade que não quer ter mais nada a ver com a banda que o tornou famoso e que ainda anda por aí a dar concertos com outro vocalista. A verdade é que, apesar de estar longe da genial capacidade vocal de outrora, foram os cinco temas que interpretou de Skid Row e Slave to the Grind - a lista fica completa com "Piece Of Me", "18 & Life", "Monkey Business" e, a fechar, "I Remember You" - que provocaram uma reacção mais entusiasta por parte dos presentes.     
Apoiado numa banda muito competente, o imponente vocalista sublinhou mais que uma vez ter estado toda a sua carreira, 25 anos no total, à espera desta estreia em Portugal. Brincou com uma bandeira brasileira que alguém atirou para o palco, dirigiu-se ao público num português percetível apenas a espaços ("Lisboa, capital de Portugal... Hoje Lisboa é capital do rock"), interpretou alguns temas dos seus discos a solo e não se cansou de dizer que, a seguir, os Guns N' Roses estariam em palco para satisfazer todos e quaisquer desejos de rock'n'roll.     
Outrora a banda mais perigosa do mundo, continuam a manter uma aura de imprevisibilidade que se prende essencialmente com o génio do seu vocalista. Isto porque, durante as quase três horas que estiveram em palco, os Guns N' Roses versão 2010 revelaram-se uma máquina muitíssimo bem oleada e, instrumentalmente, sem grandes falhas a apontar.     
Os guitarristas Richard Fortus, Ron "Bumblefoot" Thal e DJ Ashba, os teclistas Dizzy Reed e Chris Pitman, o baixista Tommy Stinson e o baterista Frank Ferrer tocam, nota por nota, aquilo que eles e outros gravaram em estúdio.     
Ashba, com um chapéu muito próximo da cartola e com uma Les Paul que traz de imediato Slash à cabeça, deu início ao espectáculo com os primeiros riffs de "Chinese Democracy" - o tema título do tal disco que esteve mais de uma década na forja e que, quando foi finalmente editado, Axl se recusou a promover.     
O controverso génio criativo da banda parece querer agora redimir-se e, com a ajuda de uma nova legião de fãs, pode muito bem conseguir fazê-lo. Mas não foi fácil perceber se o público presente do Atlântico estava totalmente convencido, até porque a reacção ao longo da noite não foi tão efusiva como seria de esperar.     
À excepção de alguns momentos-chave do alinhamento ("Welcome to the Jungle" logo no início, "Sweet Child O' Mine", "Knockin' On Heaven's Door", "November Rain" interpretada ao piano de cauda "customizado" que saía debaixo do estrado da bateria, "Patience" e o seu inconfundível assobio), poucos foram os momentos em que havia gente a rockar a sério, como se não houvesse amanhã.     
Efeitos da longa espera? O mais certo é que estivessem boquiabertos, a digerir o gigantesco espectáculo de som e luz montado à sua frente. Com direito a dois ecrãs laterais, torres de leds, projecções, explosões, fogo, petardos e uma autêntica chuva de confetti no final apoteótico com "Paradise City", aquilo que os Guns apresentaram foi uma produção de estádio adaptada a um pavilhão - sem perder grande coisa no processo.     
Com maior enfoque no disco "novo" do que aquando da última passagem da banda por cá (no Rock In Rio 2006), o alinhamento também incluiu algumas versões sacadas do baú ("Nice Boys" dos Rose Tattoo e "Whole Lotta Rosie" dos AC/DC), alguns dos clássicos do incontornável Appetite For Destruction e, com muita moderação, dos Use Your Illusion .     
Com um Axl mais em forma a todos os níveis e, mesmo com diversos solos por parte do trio de guitarristas (quase sempre excertos de temas famosos do cinema), o concerto manteve a intensidade intacta do início ao fim mostrando uma dedicação considerável para um grupo desta dimensão.     
Alinhamento do concerto dos Guns N' Roses no Pavilhão Atlântico, 6 de outubro de 2010 :     
01. Chinese Democracy     
02. Welcome to the Jungle     
03. It's so Easy     
04. Mr. Brownstone     
05. Sorry     
06. Shackler's Revenge     
07. Richard Fortus Guitar Solo (James Bond Theme)     
08. Live and Let Die     
09. This I Love     
10. Rocket Queen     
11. Dizzy Reed Piano Solo (Ziggy Stardust)     
12. Street of Dreams     
13. You Could Be Mine     
14. DJ Ashba Guitar Solo (The Ballad of Death)     
15. Sweet Child O' Mine     
16. Jam (Another Brick in the Wall Part II)     
17. Axl Rose Piano Solo (Goodbye Yellow Brick Road / Someone Saved My Life Tonight)     
18. November Rain     
19. Bumblefoot Guitar Solo (Pink Panther Theme)     
20. Better     
21. Knockin' On Heaven's Door     
22. Nice Boys     
23. IRS     
24. Nightrain     
ENCORE     
25. Bumblefoot Guitar Solo     
26. Don't Cry     
27. Madagascar     
28. Whole Lotta Rosie     
29. Jam (Waiting on a Friend)     
30. Patience     
31. Paradise City 
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